sexta-feira, 12 de junho de 2015

"Sem acordo comercial, Brasil perde espaço na UE", por Mauro Zafalon

Folha de São Paulo


Até o início do ano, o Brasil estava na lista dos dez principais parceiros comerciais da União Europeia. Os dados mais recentes divulgados pelo Eurostat já indicam o país fora dessa relação.

Isso mostra que o Brasil realmente necessita de um acordo comercial com os europeus, travado pelas amarras do Mercosul, principalmente devido às objeções da Argentina.

As estatísticas do bloco europeu mostram que, mesmo no setor de produtos básicos -o forte do Brasil-, o país perde espaço.

No período de 2009 a 2013, os Estados Unidos participavam com 30% da soja importada pela Comunidade Europeia. Já o Brasil detinha 43%.

Nesta safra, os norte-americanos aumentaram a participação para 43%, enquanto a do Brasil recuou para 35%.

Editoria de Arte/Folhapress

Os Estados Unidos colocaram 33% mais soja na Europa nesta safra 2014/15 do que no período de 2009 a 2013. Já o Brasil exportou 11% menos no mesmo período.

O cenário se repete no milho. De 2009 a 2013, pelo menos 17% do milho importado pela União Europeia saiu do Brasil. Nesta safra, a participação do país ficou restrita a 7%, segundo dados da Eurostat.

O Brasil saiu da lista dos dez maiores do comércio europeu também porque a União Europeia reduziu em 5% as importações de produtos agrícolas no primeiro trimestre deste ano, em relação a igual período de 2014.

No mesmo período, as importações de produtos manufaturados feitas pela UE-setor que o Brasil tem pouca participação no comércio mundial-, aumentaram 16%.

O Brasil perde espaço também nas carnes, principalmente na de frango. A União Europeia adquire 55% da carne de frango que importa no Brasil. O país ainda tem uma boa participação no mercado europeu, mas em 2011 participava com 72% das compras da UE.

Enquanto o Brasil perde participação, a Tailândia avança. Em 2011, o país asiático era responsável por apenas 18% das compras dos europeus. No primeiro trimestre deste ano, chegou a 35%.
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As condições climáticas ajudaram e a safra de grãos do país dever atingir 204,5 milhões de toneladas, segundo estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).

Dois produtos se destacam: soja e milho. A oleaginosa, cuja safra deverá atingir 96 milhões de toneladas, terá um volume 10 milhões superior ao do ano anterior.
Já a produção de milho, reavaliada em 80,2 milhões de toneladas, fica praticamente estável em relação aos 80 milhões do ano passado.

No caso do cereal, o avanço ocorre na safrinha, que terá evolução de 2% neste ano. Já a safra de verão caiu 2,6%.