domingo, 25 de janeiro de 2015

Venezuela proíbe ex-presidentes de visitar líder opositor preso

O Globo com agências internacionais

Sebastián Piñera, do Chile, e Andrés Pastrana, da Colômbia, têm negado acesso a Leopoldo López


O ex-presidente chileno Sebastián Piñera ao lado de Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López do lado de fora da prisão
Foto: FEDERICO PARRA / AFP
O ex-presidente chileno Sebastián Piñera ao lado de Lilian Tintori, mulher de Leopoldo López do lado de fora da prisão - FEDERICO PARRA / AFP


CARACAS — Em mais uma denúncia de violação dos direitos humanos pelo governo do presidente Nicolás Maduro, a oposição venezuelana condenou neste domingo o veto a uma visita na prisão a Leopoldo López, o ex-prefeito de Chacao alçado a uma das principais vozes de contestação ao chavismo no país. E não era uma visita qualquer. Tratava-se de uma delegação formada pelos ex-presidentes do Chile, Sebastián Piñera, e da Colômbia, Andrés Pastrana — ambos conservadores que mantiveram alianças com os Estados Unidos durante seus governos.

Os dois ex-mandatários foram impedidos por autoridades venezuelanas de visitar López, há um ano detido na prisão militar de Ramo Verde, em Los Teques, a cerca de meia hora da capital, Caracas. Ele é acusado — sem provas — de incitar a violência desencadeada em três meses de protestos antichavismo no início do ano passado. Para o governo, foi ele o responsável por “atos terroristas” e o autor de danos e incêndios registrados nas manifestações, que deixaram ao menos 43 mortas.

— Leopoldo López é um político. Pode-se discordar de suas ideias, mas não privá-lo de sua liberdade — declarou Piñera.

Maduro disse que a visita dos ex-presidentes forma parte de uma estratégia de apoio “da extrema-direita” para desestabilizar seu governo. O presidente chavista, que se refere a López como “o monstro de Ramo Verde”, também acusa seu opositor de ser um criminoso que planejou seu assassinato, descartando qualquer pedido de libertação.

Fundador do partido conservador Vontade Popular, López tem 43 anos e firmou-se como uma figura carismática na oposição. Seus aliados o consideram um preso de consciência que exerce seu direito de protesto — ainda que o governo negue perseguição política.

O governo dos Estados Unidos e a Organização das Nações Unidas já pediram repetidas vezes pela libertação de López. Neste domingo, o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, presente à comitiva barrada na cadeia, pediu que as democracias do mundo fiquem atentas às violações cometidas na Venezuela.

— A América Latina e o mundo sabem que nosso país está atravessando uma grave crise moral, política, social e econômica que faz reféns todos os venezuelanos — afirmou ao diário “El Universal”.