domingo, 25 de janeiro de 2015

Em nove dias, Grande Rio - pacificado pelos trambiqueiros Lula, Dilma e Cabral - teve dez casos de balas perdidas.

Renan França - O Globo

No sábado, uma mulher foi atingida, em Vicente de Carvalho, um adolescente em Niterói e duas pessoas em São Gonçalo

Amigos e familiares protestam pela menina Larissa de Carvalho e outras vítimas de bala perdida, na Praia de Copacabana - Daniela Hallack Dacorso / Agência O Globo


Um adolescente de 14 anos foi atingido por uma bala perdida, no final da tarde de sábado, enquanto brincava em um condomínio, no bairro do Fonseca, em Niterói. Caio Robert Carvalho Rodrigues está com o projétil alojado no braço direito e não corre risco de morrer. O adolescente, que nasceu em Minas Gerais e está no Rio de férias, está internado no Hospital Icaraí, na região central da cidade. É a décima vítima atingida por uma bala perdida nos últimos nove dias — três delas morreram.

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em 2013 (os números do ano passado ainda não foram divulgados), 120 pessoas foram vítimas de bala perdida. Destas, nove morreram. Em 2011, 88 foram atingidas por tiros e sete mortes foram registradas.

O coronel da reserva José Vicente Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública, comentou que é necessário o aprimoramento das táticas policiais para evitar o disparo de arma de fogo.

— Há dois tipos de balas perdidas. Um é aquele que envolve troca de tiros entre facções rivais de bandidos. Outro é quando envolvem policiais e bandidos. Não dá para pedir ao bandido discernimento. A não ser que as autoridades promovam um desarmamento. Mas dá para cobrar da polícia — disse o coronel. — A troca de tiros só é admissível quando o policial está na iminência de correr risco, quando alguém aponta uma arma contra ele ou quando alguém está em perigo.

Para o sociólogo Ignacio Cano, coordenador do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, ainda não é possível analisar se o Rio está mais violento.

— É preciso aguardar. Neste mês, ocorreram alguns casos, mas ainda é cedo para saber o que está havendo.

Outros casos

Um tiroteio no Morro do Juramento, no sábado, atingiu uma mulher e deixou um adolescente ferido. No mesmo dia, Diogo da Silva Santos morreu e uma segunda pessoa, não identificada, foi baleada em tiroteio no Centro de São Gonçalo.

Na última sexta-feira, o jovem Edilton de Jesus dos Santos, de 20 anos, foi vítima de bala perdida no Parque Madureira e, na véspera, a menina Lavínia Crissiullo, de três anos, foi baleada no Centro do Rio.

Na quinta-feira, William Robaiana da Silva, de 35 anos, foi atingido na Av. Cesário de Melo, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio.

Na semana passada, Asafe William Costa de Ibrahim, de 9 anos, morreu após ter sido atingido no Sesi de Honório Gurgel, bairro da Zona Norte da capital. Já Larissa de Carvalho, de 4 anos, morreu após ser atingida por uma bala perdida na cabeça em Bangu, na Zona Oeste, no dia 16.