sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

PT calcula 'traições' dentro do partido à candidatura de Chinaglia na Câmara

Pedro Ladeira - 28.jan.2015/FolhapressO petista deputado Arlindo Chinaglia (sentado à dir., de gravata azul) em reunião com ministros e aliadosO deputado petista Arlindo Chinaglia (sentado à dir., de gravata azul) em reunião com ministros e aliados

Márcio Falcão e Ranier Bragon - Folha de São Paulo


A coordenação da campanha do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara começou a mapear as dissidências da bancada do PT na eleição.

Segundo o levantamento, pelo menos 7 dos 69 deputados petistas que tomam posse no domingo (1º) não devem apoiar Chinaglia.

De acordo com integrantes da campanha, as justificativas vão desde desentendimentos pessoais até problemas de correntes internas.

Circulam na lista de traições os deputados: Gabriel Guimarães (MG), José Airton (CE), Beto Faro (PA), José Mentor (SP), Luiz Sérgio (RJ), Asis Carvalho (PT-PI) e Vander Loubet (MS).

No comando da candidatura petista, há a expectativa de que eles sejam pressionados pela direção do PT a mudar o voto.

A campanha adversária do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) calcula reunir 20 votos de petistas.

Apesar de ter dito que se manteria distante da campanha, o Planalto entrou de cabeça na disputa pelo comando da Câmara, mobilizando ministros do PT e de outros partidos para turbinar a candidatura de Chinaglia.

Nas eleições para a presidência da Câmara, votam os 513 deputados. Cunha e Chinaglia são hoje os nomes mais fortes.

OPOSIÇÃO

O PSDB decidiu manter o apoio a Júlio Delgado (PSB), que corre por fora na disputa, mantendo a aliança que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional da legenda, havia costurado em retribuição ao apoio que o PSB deu à sua candidatura à Presidência da República, no segundo turno das eleições.

Apesar disso, é dado como certo que na votação, secreta, vários tucanos votem em Cunha.

Após o aceno tucano a Delgado, o PV se reuniu nesta sexta com o candidato do PMDB e negou o convite para formar um bloco com o peemedebista. Somando votos do PSB, do PSDB, do PV e do PPS, Júlio Delgado tem apoio de 106 deputados.

OUTRO LADO

Em nota, o deputado Luiz Sérgio disse que causou "estranheza e indignação" a insinuação de que não votaria com o PT.

"Nunca votei ou me posicionei contra a orientação partidária, basta pesquisar o histórico de minhas votações na Câmara dos Deputados. Sou, e continuarei sendo, fiel ao meu partido, seu programa e suas diretrizes", disse.

Segundo ele, a informação da Folha está "categoricamente equivocada".

"Se alguém trabalha com essa possibilidade está perdendo tempo e energia. Tal informação só pode ter como objetivo semear a discórdia e a divisão entre nós num momento de grande importância para a Câmara e para o país", afirmou.

Após a publicação da reportagem, a bancada do PT e os deputados citados divulgaram uma nota repudiando com "veemência" a insinuação de que haverá traições a Chinaglia na votação.

"O Partido dos Trabalhadores construiu a unidade em torno da candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) e votará de forma unificada. Não possui qualquer fundamento, portanto, a nota da Folha de São Paulo, que sequer ouviu os parlamentares citados".

"Ademais, a capacidade e a seriedade de Arlindo Chinaglia são reconhecidas por todos os seus pares, inclusive entre os partidos oposicionistas. Reafirmamos, assim, o seu nome como o mais preparado para conduzir adequadamente a Câmara dos Deputados", completou o texto.