Cristiane Jungblut - O Globo
Líder do DEM admitiu que presença não garantia ‘unanimidade’ dos votos e sim a ampla maioria dos partidos
Ao lado dos líderes do PDT, DEM, PSDB, PP, PSOL, PSB e PPS e de senadores dissidentes do PMDB, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) oficializou nesta sexta-feira sua candidatura à Presidência do Senado e disse que disputará no Plenário do Senado, contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que quer um quarto mandato no comando da Casa. Luiz Henrique disse que não pretende participar da reunião da bancada do PMDB, marcada para às 17h, que deverá escolher Renan como candidato.
A ala dissidente do PMDB - que tem quatro dos 19 senadores do partido - não participará da reunião da bancada. Antes do encontro, Luiz Henrique vai apresentar sua candidatura ao líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Luiz Henrique disse que é um candidato da Casa e que ele era o único “candidato oficial”, numa crítica a Renan. Ele não poupou críticas ao atual presidente e ao grupo que controla o partido.
— É que há 45 anos o mesmo grupo se eterniza na direção dessa Casa. São sempre os mesmos relatores. Vamos democratizar essa Casa. E espero que eles (a bancada do PMDB) compreendam essa realidade. Essa oficialização muda os rumos do enredo que estava escrito — alfinetou Luiz Henrique.
Apesar da presença dos líderes dos partidos e dos discursos, não há garantia do apoio total das bancadas. O próprio líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), admitiu que pode não haver unanimidade.
— Se não pela unanimidade, estamos aqui pela maioria expressiva desses partidos. É uma candidatura da Casa. E não está estabelecida uma luta entre governo e oposição — disse Agripino.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), disse que a bancada tucana tinha fechado com Luiz Henrique. Mas a grande ausência foi a do senador Aécio Neves (PSDB-MG), presidente nacional do PSDB.
— É a candidatura que tem estofo, estatura — disse o tucano Aloysio Nunes Ferreira.
O futuro líder do PSB, João Capiberibe (AP), disse que o partido via a candidatura com simpatia, mas que a reunião formal será neste sábado.
Luiz Henrique disse que, se eleito, não seria um presidente do Senado contra o governo e que seu objetivo é democratizar o Senado. Ele fez várias críticas ao grupo de Renan, afirmando que “há 45 anos o mesmo grupo está no poder”.
— A presença desses partidos representa para nós a convicção de que colheremos uma vitória no próximo domingo (dia da eleição no Senado). Será a vitória da mudança contra o continuísmo. É uma candidatura da oposição. Se for eleito, a minha primeira visita será para a presidente Dilma, para dizer que minha presidência não será subserviente e muito menos antagônica — disse Luiz Henrique.
Para tentar ganhar votos do PT, Luiz Henrique anunciou que a primeira vice-presidência continuaria com os petistas. O PT teme perder o cargo para o PMDB.
Ex-presidente do PMDB na década de 90, Luiz Henrique disse que o Palácio do Planalto não precisa "temer sua candidatura". Ele lembrou quando foi relator do Código Florestal no Senado. Ele conversou nos últimos dias com vários ministros, entre eles Aloízio Mercadante (Casa Civil).
— Venho da voz das ruas. Não senti (pressão do Planalto). O Planalto sabe como nós somos. Quando fui escolhido relator do Código, tocaram o terror. Vamos ter um diálogo construtivo — disse Luiz Henrique.
Dos 19 senadores do PMDB, a ala dissidente conta com o próprio Luiz Henrique e os senadores Valdemir Moka (PMDB-MS); Ricardo Ferraço (PMDB-ES); e Dário Berger (PMDB-SC).