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Lista de procurados publicada na revista jihadista 'Inspire' (Divulgação/VEJA)
O cartunista francês Stéphanne Charbonnier, o Charb, morto por terroristas islâmicos no dia 7 de janeiro em Paris, constava em uma infame “lista de procurados” divulgada pela rede terrorista Al Qaeda. A lista foi publicada em uma edição de 2013 da revista jihadista Inspire, sob o título “Procurados, vivos ou mortos por crimes contra o Islã”.
Uma versão atualizada, abominável, com um X sobre o rosto do cartunista passou a circular nas contas normalmente usadas para propaganda terrorista nas redes sociais depois do ataque em Paris.
Além de Charb, a lista tem os nomes do pastor extremista americano Terry Jones e do escritor indiano Salman Rushdie, entre outros. A revista ainda traz o slogan da campanha presidencial de Barack Obama ("Yes, We Can", "Sim, nós podemos") para anunciar que “uma bala por dia mantém o infiel longe” ("a bullet a day keeps the infidel away") – numa aparente apropriação do ditado popular americano: uma maçã por dia mantém o médico longe (“an apple a day keeps the doctor away”).
Salman Rushdie
Escritor indiano radicado na Inglaterra, Salman Rushdie ganhou projeção internacional ao publicar, em 1989, o livro 'Os Versos Satânicos'. O título da obra refere-se a alguns versos do Corão e o enredo traz um personagem muçulmano que vive com um halo sobre sua cabeça e sonha em conhecer ‘Mahound’ – termo pejorativo para o profeta Maomé. Pouco depois da publicação do livro, Rushdie foi jurado de morte pelo aiatolá Khomeini, então líder religioso do Irã. Desde então, o escritor passou a receber constantes ameaças e vive com proteção policial do governo britânico.
Flemming Rose
Editor do jornal dinamarquês 'Jyllands-Posten', Flemming Rose foi um dos responsáveis pela publicação de uma charge zombando o profeta Maomé, em 2005. Ele vive com proteção policial depois de constantes ameaças.
Kurt Westergaard
Kurt Westergaard foi o cartunista que desenhou a charge do profeta Maomé para o jornal dinamarquês 'Jyllands-Posten', em 2005. Ele também vive sob constante proteção policial.
Lars Vilk
Também chargista, o dinamarquês Lars Vilk desenhou sátiras de Maomé para se se solidarizar com o jornal 'Jyllands-Posten', em 2006.
Molly Norris
Molly Norris é uma cartunista americana que propôs aos seus colegas a instituição do “Dia de todo mundo desenhar Maomé”, como forma de protesto pela liberdade de expressão e contra as ameaças.
Morris Sadek
O egípcio-americano cristão Morris Sadek é um advogado e ativista. Ele é acusado pelos jihadistas de ser o mentor por trás da publicação na internet do vídeo 'Inocência dos Muçulmanos'. O vídeo foi considerado ofensivo pelos muçulmanos e motivou protestos violentos em vários países islâmicos.
Geert Wilder
Geert Wilder é um político holandês de extrema-direita, fundador do Partido da Liberdade. Ele é famoso por fazer declarações racistas e xenofóbicas. Foi processado por dizer que “detestava o islamismo” e por comparar o Corão ao livro 'Mein Kampf', de Adolf Hitler. Em 2011, Wilders foi absolvido das acusações. A Justiça holandesa classificou as declarações de Wilders como "grosseiras e difamatórias", mas não considerou que elas não incitaram o ódio.
Ayaan Hirsi Ali
Nascida na Somália, Ayaan Hirsi Ali é uma ativista e política naturalizada holandesa. A escritora de 'Infiel' sofreu mutilação sexual, fugiu de um casamento imposto e vive nos Estados Unidos, ameaçada por grupos radicais islâmicos. Além de passar pela excisão do clitóris, em uma operação bárbara, realizada sem anestesia, na infância ela também foi espancada até ter a cabeça fraturada por um professor da escola islâmica.
"Estamos em guerra com o Islã e não apenas o Islã radical e deve ser derrotado”, disse Ayaan em uma entrevista sobre a morte de Theo van Gogh, um escritor e cineasta que em novembro de 2004 foi esfaqueado em uma rua de Amsterdã por um extremista muçulmano nascido na Holanda. Ela colaborou com o cineasta na realização do curta-metragem que inflamou os fundamentalistas por sua denúncia da condição feminina sob o Islã - e pelo sacrilégio de mostrar trechos do Corão, em árabe, impressos sobre a pele nua de uma mulher espancada.
Terry Jones
Pastor de uma pequena igreja evangélica da Flórida, Terry Jones ganhou fama nos meios de comunicação dos Estados Unidos em 2010 ao prometer queimar o Corão no aniversário dos atentados de 11 de setembro. O pastor é um feroz ativista contra a presença de muçulmanos nos EUA e já se envolveu em muitas confusões por protestar em eventos e locais islâmicos.