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segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Pinguelli: “Dependemos de termoelétricas caras e ultrapassadas”
Marcelo Moura - Epoca
Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás, afirma que o país teria capacidade de geração de energia 15% maior, se as obras seguissem os prazos
Pinguelli, ex-presidente da Eletrobrás, em Brasília. Ele celebra a construção de usinas eólicas no país (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABR)
Físico e engenheiro nuclear, Luiz Pinguelli Rosa foi presidente da Eletrobrás entre 2003 e 2004, quando
Dilma Rousseff
era ministra de Minas e Energia. Hoje, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas. Pinguelli diz que a falta de chuvas e o atraso nas obras de usinas hidrelétricas deixam o país dependente de usinas termoelétricas e vulnerável a apagões, como o
ocorrido em 19 de janeiro
.
ÉPOCA - O que levou ao apagão do dia 19?
Luiz Pinguelli Rosa -
O corte de eletricidade em 11 Estados ocorreu porque o Operador Nacional do Sistema (ONS) não conseguiu levar
energia
gerada na região Norte para atender ao alto consumo nas regiões Sul e Sudeste. Alegaram "limitação de transmissão". Os reservatórios das usinas hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro Oeste estão com capacidade muito baixa para esta época do ano, abaixo de 20%.
ÉPOCA - Das 18 usinas hidroelétricas do país, 17 estão com nível abaixo de 2001, quando o país enfrentou apagões. Corremos mais risco de apagão hoje do que em 2001?
Pinguelli -
Não. Diferentemente de 2001, existem hoje várias termoelétricas. Mas elas são um exército de Brancaleone: uma é baixa e gorda, outra é alta e magra... muitas têm tecnologia muito ruim, com alto custo e baixa confiabilidade. Um aspecto positivo do sistema é a entrada das usinas eólicas, com preço de energia semelhante ao de uma usina a gás natural. Ainda assim, a energia delas custa o dobro da que será gerada pela hidroelétrica de Belo Monte.
ÉPOCA - O que podemos fazer para evitar novos apagões?
Pinguelli -
O governo não está parado, mas as obras de Belo Monte, Angra 3, Jirau e Santo Antônio atrasaram. Se o cronograma fosse cumprido, o país teria agora cerca de 15% mais capacidade de geração, suficientes para dar tranquilidade. A falta de chuvas também aumenta a incerteza. Se amanhã começar a chover desbragadamente na região Sudeste, a situação até melhora. Mas vai levar tempo para os reservatórios encherem. Neste ano, não enchem mais. Vai ser um ano de baixo nível no reservatório das hidrelétricas. Falta ao governo tomar a única medida de efeito imediato: baixar o consumo, com políticas de estímulo e campanhas de esclarecimento.
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