domingo, 25 de janeiro de 2015

"Mudanças na oposição", por Ilimar Franco

O Globo


O governo Dilma apanha com a crise fiscal e econômica. O PT está em crise e resolveu abrir fogo contra o PMDB. Mesmo assim, a oposição corre o risco de encolher. Nos estados, quadros do DEM ensaiam mudar para partidos da base aliada. A sobrevivência está em jogo e há conversas com dirigentes do PMDB, do PDT e do PSD. Na Câmara, o Solidariedade, que apoiou Aécio Neves, se desloca para formar um bloco com o PMDB.
Sonhando acordado
A disputa pela presidência da Câmara, entre PT e PMDB, é considerada uma prévia do que está por vir em 2018. Cresce no aliado do governo petista os que avaliam que não dá para ficar à reboque do PT. Citam o destino terminal do DEM, por ter virado coadjuvante do PSDB. A votação do tucano Aécio Neves também é vista como um recado. “As pessoas querem coisa nova. Se o Aécio disputasse pelo PMDB tinha ganho. Nossa capilaridade é maior que a do PSDB”, diz uma liderança. Seus dirigentes argumentam que se o partido serve para dar governabilidade, também serve para governar. Mas todos reconhecem que, para uma candidatura virar realidade, é preciso colocar um ponto final na autofagia que consome o partido.
“Assistimos a uma falsa polarização. PT e PSDB se acotovelam para implementar o mesmo programa. Ele vai gerar recessão e desemprego” 

Brizola Neto 
Ex-ministro do Trabalho, no governo Dilma, em ato do PTB que lançou o Movimento Trabalhista Leonel Brizola
Sincronizado
O ministro Gilberto Kassab (Cidades) anuncia primeiro a criação do PL, sugando deputados de vários partidos. No segundo movimento, seu partido, o PSD, declara apoio ao candidato do PT à presidência da Câmara, Arlindo Chinaglia.
Andorinha
O PSDB, que declarou seu apoio a Júlio Delgado (PSB) para presidir a Câmara, está dividido. O partido vai rediscutir o tema no sábado (31). A maioria está com Júlio, mas uma ala fechou com Eduardo Cunha (PMDB). Um tucano explica: “O adversário é o PT”. Sobre eventual apoio a Chinaglia, ele resume: “Creio que só o Juthay Magalhães (foto) dos 54”.
Sem unidade
Mesmo que tire uma posição oficial, a bancada do PP, com 36 votos, está dividida. A ala do ex-ministro Aguinaldo Ribeiro está com Arlindo Chinaglia. Já os mais próximos ao líder, Eduardo da Fonte, estão com Eduardo Cunha.
Quanta diferença
O relato é de um graduado dirigente nacional do PT depois de visitar José Dirceu e José Genoino. Um deles passou o tempo todo falando de seus planos e dizendo que ia fazer e acontecer. O outro só queria saber como ele poderia ajudar. Ambos foram condenados pelo STF no processo do mensalão e estão cumprindo prisão domiciliar.
Nova missão
O coordenador do programa de governo da presidente Dilma, Alessandro Teixeira, vai assumir a presidência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. No primeiro mandato, ele foi secretário-executivo do MDIC.
O padrinho
O PT comemora a declaração de Eduardo Cunha, de que o PMDB não aceita mais Henrique Fontana como líder do governo. Avaliam que sua recondução está garantida, pois a presidente Dilma não aceitaria pitacos do líder do PMDB.
Memória de Brasília. Página do jornalista Silvestre Gorgulho no Facebook. Nela, são postadas fotos (anos 50 e 60) da construção da capital do país.