sábado, 24 de janeiro de 2015

Inflação oficial argentina perto do “ponto de explosão” de Cristina Kirchner

Ariel Palácios - O Estado de São Paulo


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blog1dedo4BlogLetrasGuinnessextraLetraEm 2012, durante uma visita à Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, a presidente Cristina Kirchner desafiou os cálculos dos economistas independentes argentinos, que sustentavam que a inflação naquele ano ficaria entre os 24% e 26%%. “Se realmente a inflação fosse de 25%, o país explodiria!”. Naquele ano o governo – acusado de manipular os dados da inflação – afirmou que a alta havia sido de apenas 10,8%. Os economistas independentes retrucaram, afirmando que havia sido de 25,8%.
No entanto, dias atrás, o governo Kirchner anunciou dados que indicam que a inflação de 2014 aproximou-se dos perigosos valores que a presidente Cristina definiu há três anos como o “ponto de explosão”: 23,9%.
O anúncio foi realizado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), que indicou que a inflação de dezembro foi de 1%.
Mas, as principais consultorias econômicas do país, empresários, sindicalistas, universidades, ONGs e partidos da oposição, além do Fundo Monetário Internacional (FMI) acusam o governo da presidente Cristina Kirchner de manipular o índice de inflação desde janeiro de 2007, quando o Indec ficou sob férrea intervenção da Casa Rosada.
Segundo o “Índice-Congresso”, elaborado pelos deputados da oposição com os cálculos realizados pelas pricipais consultorias portenhas, a inflação de dezembro passado foi de 1,87%. A alta inflacionária de 2014, segundo estas estimativas, teria sido de 38,53%.
O índice oficial costuma ser de metade a um terço inferior ao calculado pelos economistas. Neste ano o cálculo dos economistas foi 14,6 pontos percentuais superior à estimativa oficial.
O índice oficial de 2014% é o mais elevado desde 2002, quando, em plena crise econômica, a inflação foi de 40,9%.
Os integrantes do governo Kirchner evitam referir-se à inflação nos discursos. O chefe do gabinete de ministros, Jorge Capitanich prefere citar a expressão “tensão de preços”.
Segundo o governo Kirchner, os cálculos dos economistas que indicam uma inflação mais elevada que a oficial são “conspirações” contra a presidente Cristina.
Embora negue a existência da escalada inflacionária, nos últimos dois anos o governo implementou – sem sucesso – em quatro ocasiões congelamentos de preços de produtos de supermercados, de lojas de eletrodomésticos e combustíveis.