sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Agência de risco Moody’s rebaixa todos os ratings da Petrobras

O Globo com agências

Nota da dívida da petroleira caiu de Baa2 para Baa3, a um nível de perder o grau de investimento


A agência de classificação de risco Moody's rebaixou na noite desta quinta-feira todos os ratings da Petrobras. A decisão foi motivada por preocupações com as investigações sobre corrupção na estatal e uma possível pressão sobre a capacidade da companhia de pagar suas dívidas, em função de atraso na divulgação de resultados financeiros auditados.

A ação cortou todas as notas da petroleira de Baa2 para Baa3. Com isso, a estatal está a um degrau de perder o chamado grau de investimento, espécie de selo de garantia que indica que a empresa é boa pagadora. A Moody's disse ainda que os ratings permanecem em perspectiva negativa, enquanto as investigações da Operação Lava-Jato continuam a se desenrolar.


“Ações de rating adicionais vão considerar os desdobramentos da investigação sobre corrupção em curso e a passagem de tempo sem um claro progresso em direção a uma produção normal de comunicados financeiros”, disse a agência, em comunicado.
Em outubro, a nota da empresa já havia sido rebaixada pela agência. Na ocasião, o principal motivo para o corte foi o alto nível de endividamento da companhia.

Desta vez, pesou na avaliação a falta de informações mais claras sobre o real impacto dos desvios de pagamentos sobre os ativos da empresa. Na madrugada de quarta-feira, a Petrobras divulgou, com mais de dois meses de atraso, seu balanço financeiro referente ao terceiro trimestre do ano passado. O relatório, não auditado por empresas independentes, identificou a existência de R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados. O Conselho de Administração da empresa, no entanto, entendeu que não era possível identificar quanto desse montante era relacionado a casos de fraudes na empresa.
"A empresa reconheceu a necessidade de fazer revisões para ajustar valores de ativos em seus relatórios financeiros para refletir pagamentos superfaturados ligados a fraudes. No entanto, a Petrobras falhou em informar com clareza a magnitude desses ajustes. A falta de profeso em revelar o tamanho dos ajustes não é um sinal encorajador para o relatório auditado do fim do ano", acrescentou a nota da Moody's.

Em teleconferência com analistas nesta quinta-feira, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que as perdas causadas pelos casos de corrupção podem ser ainda maiores que o já apurado, à medida que a Operação Lava-Jato avançar nas investigações. A declaração abalou a confiança dos investidores, que levaram as ações da empresa na Bolsa a cair mais de 3%. Nos últimos dois dias, a Petrobras já perdeu mais de R$ 16 bilhões em valor de mercado.

OUTRAS AVALIAÇÕES

Em dezembro, outra agência de risco, a Fitch, já havia dito que os escândalos de corrupção poderiam afetar a nota da petroleira. Atualmente, a agência atribui nota BBB à estatal, penúltimo nível do grau de investimento. A Standard & Poor's, que também avalia notas de crédito em todo o mundo, dá nota BBB- à estatal, com perspectiva estável.