sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Desaceleração da economia promove dança das cadeiras nas empresas

O Globo

Cerca de 70% das vagas criadas neste ano surgiram da substituição de profissionais





Com a economia em compasso de desaceleração, nada mais natural do que as empresas apertarem os cintos e aumentarem a pressão interna por bons resultados. Mas o reflexo desse movimento pode gerar uma espécie de “dança das cadeiras” nas organizações, com empregados dando lugar a outros mais eficientes. Segundo levantamento da Page Personnel, de recrutamento de profissionais técnicos e de suporte à gestão, três em cada quatro processos seletivos conduzidos no momento envolvem vagas geradas por substituição de funcionários.

— O desaquecimento da economia exige respostas mais eficientes das empresas, que buscam profissionais capazes de trazer maior agilidade aos seus negócios — explica Ricardo Haag, gerente executivo da consultoria.

O troca-troca tem sido mais intenso em áreas sensíveis como vendas e marketing, que já representam metade das substituições deste ano. Setores estratégicos como finanças, RH e TI também enfrentam dificuldades por darem suporte às operações, o que requer profissionais preparados para enfrentar desafios.

Mas ao mesmo tempo em que a retração econômica pede a substituição de alguns profissionais por outros mais eficientes, o processo também pode trazer prejuízo para as empresas. Por mais capacitados que sejam, funcionários novos necessitam de tempo de adaptação e cometem mais erros. Será então que essa “dança das cadeiras” compensa? Sim, pelo menos para Haag: 

— As empresas estão muito criteriosas nas contratações. Procuram profissionais chamados plug and play, ou seja, previamente adaptados a mudanças de rotina ou de área de trabalho, justamente para evitar necessidade de adaptação e atrasos nos projetos — afirma.

Outro ponto delicado da substituição de pessoas é o crescimento de um clima de instabilidade e insegurança entre as equipes. Para evitar boatos sobre demissões e reduzir o risco de turnover, o melhor caminho ainda é a transparência:  

— Comunicar de maneira adequada e clara a estratégia de médio e longo prazo, desenhando o caminho que será percorrido, pode ser determinante para o sucesso nesse cenário — ensina o consultor.

Por parte dos profissionais, a postura mais adequada para minimizarem os riscos de substituição é mostrarem, com atitudes práticas no dia a dia, que são mais necessários do que nunca. Buscar qualificação constante e comprometimento com a empresa são apenas algumas dicas para sobreviver às turbulências do período:

— É importante lembrar que só criticar não ajuda. A reclamação deve vir sempre acompanhada de uma sugestão de melhoria. Procure entender de que forma as suas atividades impactam no resultado da companhia. Uma vez feito esse exercício, pergunte a si mesmo de que forma pode contribuir ainda mais para o sucesso da operação — ensina Haag.