sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Comitê de bancos decide que Argentina entrou em calote e dispara ‘seguro’ de US$ 1 bi

O Globo

‘Falta de pagamento constitui evento de crédito’, informou ISDA, em nota



NOVA YORK - O Comitê de Determinações da Associação Internacional de Swaps e Derivativos (Isda, na sigla em inglês) decidiu na tarde desta sexta-feira que a Argentina entrou, de fato, em calote. Além de ratificar a moratória, a declaração dispara o pagamento de uma espécie de seguro de US$ 1 bilhão, requisitado pelo banco suíço UBS.

“A falta de pagamento constitui um evento de crédito para a República Argentina”, conclui a Isda, em voto unânime dos 15 integrantes do comitê, conforme publicado pelo jornal argentino “La Nación”.

De acordo com o Isda, o descumprimento do compromisso da Argentina ocorreu quando o país não conseguiu efetuar o pagamento de US$ 539 milhões aos credores reestruturados, que foram bloqueados pelo juiz Thomas Griesa em 30 de junho, sob o argumento de que eram ilegais, a menos que os chamados “fundos abutres” — que não participaram da reestruturação — também fossem pagos.

Os "credit default swaps" funcionam como uma espécie de seguro para quem fornece empréstimos.

Os vendedores deste tipo de derivativo garantem que pagarão ao comprador caso este seja alvo de calote. Em troca, o comprador paga parcelas até a chamada "data de maturidade" do contrato. De acordo com dados da Depository Trust & Clearing Corp citados pelo "Wall Street Journal", apesar de somente US$ 1 bilhão em CDS estarem em questão neste momento, o total deste tipo de derivativos relativo à Argentina circulando no mercado é de US$ 20,7 bilhões. Na quarta-feira, a cobertura para US$ 10 milhões em títulos argentinos estava custando US$ 3 milhões por um período de cinco anos, mais US$ 500 mil por ano.

O comitê é formado por representantes anônimos de 15 bancos. Conforme informou o GLOBO nesta quinta-feira, o Elliot Management, controlador do NML Capital — um dos “abutres” da dívida argentina — é um dos integrantes do grupo.