quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

J.R. Guzzo - Mudança no pix foi tentativa mal resolvida para aumentar cobrança de impostos

 

O ex-presidiário Lula decidiu revogar portaria do Fisco sobre o monitoramento do Pix (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil


O que mais chama a atenção, na calamidade que o governo Lula criou para si próprio com a reforma e a imediata contrarreforma das regras do Pix, que traria várias mudanças, não é tanto o prodigioso grau de incompetência atingido neste momento pelos burocratões-chefe que realmente tomam as decisões neste país. Isso é de fato a marca registrada de tudo o que chega perto do presidente, como o casal dançante é a marca do Sonho de Valsa. O que vai ficando cada vez mais esquisito, a cada palhaçada-master como essa, é a extraordinária capacidade do governo de dobrar o prejuízo de cada desastre que faz.

No caso, foi a notável ideia de mexer com o Pix – uma das poucas coisas que funciona direito no Brasil e resolve a questão da transferência de dinheiro, de forma eficaz, rápida e amigável para o cidadão, em toda a economia do país. É sem dúvida uma das coisas mais estúpidas que alguém poderia fazer dentro de um governo – e um resultado direto da inépcia de uma gestão que entregou à Receita Federal a tarefa de montar e executar a política econômica do Brasil.


Lula, o governo e os jornalistas estatizados que correram mais uma vez em seu socorro não vão convencer ninguém de que foram vítimas de mentiras da internet. A maioria da população fica convencida, isto sim, de que quem está mentindo são eles


Nenhum ser vivo em todo território nacional estava querendo, e muito menos pedindo, qualquer mudança no Pix. Ao contrário. Num país com os problemas realmente insanos que o Brasil tem hoje (o poder público não é capaz, nem sequer, de garantir o direito constitucional à vida das pessoas), a última coisa a se cobrar das autoridades era mudança no Pix. Mas o verdadeiro ministro da Fazenda que existe hoje na prática é o chefe da coletoria – e é da natureza de qualquer secretário da Receita Federal arrecadar o máximo de impostos, mesmo porque é exatamente isso que lhe cobram dia e noite. Deu no que deu.

Consumado o desastre com perda até agora total, o governo Lula não fez, também nesse caso, a única coisa que deveria ter feito: reconhecer que errou, pelo menos isso, e se responsabilizar pelo conserto do seu erro. Fizeram o contrário. Ficaram enfurecidos com o povo, que se sentiu imediatamente ameaçado em seu bolso pela mudança e fez a sua indignação explodir nas redes sociais – essas mesmas que o regime Lula-STF está desesperado para censurar. A culpa não era deles, gritaram indignados – era das fake news que, na sua visão, estariam deturpando o caráter benigno e inofensivo das mudanças no Pix.

Não houve fake news absolutamente nenhuma. O que houve, na vida real, foi uma tentativa mal resolvida de usar o Pix para aumentar a cobrança de impostos – e como hoje existe a internet para mostrar essas coisas, a reação natural de milhões de pessoas foi se sentir ameaçada. Queriam o quê?  Que se sentissem aliviadas? Desde quando os tubarões do governo falam em “imposto” com a intenção de cobrar menos? Pior que tudo: se era mentira o que as redes diziam, e a decisão da Receita Federal estava perfeitamente correta, por que então a portaria foi revogada em clima de pânico?

Lula, o governo e os jornalistas estatizados que correram mais uma vez em seu socorro não vão convencer ninguém de que foram vítimas de mentiras da internet. A maioria da população fica convencida, isto sim, de que quem está mentindo são eles: tentaram, não conseguiram e ficaram com a brocha na mão e o pé na jaca. No seu delírio crescente, acham que a culpa não é deles, por baixarem uma portaria que tiveram de revogar – é do povo idiota que se deixa enganar, é do “ambiente tóxico” das redes, é da “extrema direita”. Toque-se a Polícia Federal em cima deles. E vamos socar mais dinheiro público na “comunicação”.





J.R. Guzzo - Gazeta do Povo