sábado, 9 de novembro de 2024

JBS fez pagamentos milionários a advogado envolvido em venda de sentenças, diz revista

 

Os irmãos Wesley (esquerda) e Joesley Batista, que controlam o grupo J&F | Foto: Reprodução/Twitter/X 


De acordo com a Piauí, empresa dos irmãos Batista repassou R$ 21 milhões para o filho de um dos desembargadores afastados por corrupção


Uma investigação da Polícia Federal revelou que o advogado Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do desembargador Sideni Pimentel, recebeu R$ 21 milhões da JBS em um período de nove meses, entre 2022 e 2023. Ele é uma das figuras centrais do esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Mato Grosso do Sul (TJMS). 

A informação foi publicada pela revista Piauí na quarta-feira 6. + Leia mais notícias do Brasil em Oeste A holding dos irmãos Batista, além de administrar três frigoríficos, disputa com a Paper Excellence o controle da Eldorado Celulose, sediada em Três Lagoas (MS). 

“Considerando que: 1) a JBS já esteve envolvida em esquema de corrupção conhecido nacionalmente, inclusive com pagamentos para autoridades de Mato Grosso do Sul, 2) os altos valores das citadas transferências para o escritório de Rodrigo Pimentel em curto período e 3) as suspeitas de envolvimento dele em esquema criminoso, o prosseguimento das investigações poderá esclarecer se há algum crime relacionado a tais pagamentos milionários“, escreveu o delegado da PF Marcos André Araújo Damato, de Campo Grande, em um relatório obtido pela revista.

A JBS, controlada por Joesley e Wesley Batista, nega que os pagamentos estejam ligados à corrupção, alegando que foram honorários por serviços advocatícios prestados pelo escritório Pimentel & Mochi Advogados Associados. Além disso, a investigação identificou que uma empresa de Rodrigo Pimentel transferiu R$ 275 mil para a advogada Emmanuelle Silva, presa em 2018 por estelionato contra um engenheiro aposentado. Essa quantia foi transferida depois que Emmanuelle recebeu R$ 5,5 milhões em um golpe descoberto pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do MS. Envolvimento de magistrados O juiz Paulo Afonso de Oliveira e o desembargador Júlio Roberto Siqueira Cardoso são suspeitos de ignorar indícios de fraude em processos judiciais. 

Durante a operação Ultima Ratio, em 24 de outubro, foram encontrados cerca de R$ 3 milhões em espécie na casa de Cardoso, agora aposentado. 

O delegado afirmou que as ações dos magistrados foram tão irregulares que parecem indicar participação consciente em um esquema de estelionato de mais de R$ 5 milhões. 

A JBS e suas conexões no Judiciário  

A J&F, controladora da JBS, desde 2020 tem Mirian Ribeiro Gonçalves como advogada em processos no Superior Tribunal de Justiça. Ela é mulher do lobista Andreson, também investigado por venda de sentenças. No Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, depois de aposentar-se, atuou como parecerista para os irmãos Batista, tendo dado pareceres favoráveis a eles. 

A advogada Roberta Rangel, mulher de Dias Toffoli, que anulou multas da J&F, também está ligada ao grupo. Recentemente, o site O Fator informou que Joesley Batista participou de reuniões com Celso Amorim, assessor internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), desde o início do atual governo, até meados desta semana. 

O relator do caso de venda de sentenças no STF é Cristiano Zanin, exadvogado de Lula na Lava Jato.


Revista Oeste