quarta-feira, 18 de maio de 2022

TCU aprova privatização da Eletrobras por 7 votos a 1

 Governo aguardava aprovação do tribunal para fazer a privatização da companhia ainda este ano. Eletrobras deve ser a primeira grande estatal a ser vendida pelo governo Bolsonaro.


O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira (18) 

por 7 votos a 1 a continuidade do processo de privatização da Eletrobras, estatal que 

atua nas áreas de geração e transmissão de energia.


Dos oito ministros que votaram na sessão, apenas Vital do Rêgo foi 

contra. O ministro chegou a pedir a suspensão do processo até o 

tribunal concluir uma fiscalização sobre dívidas judiciais da companhia,

 que poderiam causar uma subavaliação da estatal. Os ministros

 negaram o pedido de suspensão, também 

por 7 a 1.


Ministério de Minas e Energia (MME) e o Banco Nacional de

 Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) -- que auxilia na 

operação -- deverão cumprir algumas determinações e 

recomendações do tribunal, mas sem prejuízos à continuidade 

do processo.


O julgamento desta quarta-feira era a segunda e última etapa de

 análise no TCU


Nessa etapa, o tribunal avalia o modelo de venda proposto pela 

União, incluindo faixa de valor das ações a serem ofertadas na 

bolsa de valores.


A primeira etapa já tinha sido aprovada em fevereiro. Na ocasião,

 os ministros analisaram e aprovaram o chamado "bônus de 

outorga" que, após a privatização, a Eletrobras deverá pagar à 

União pela renovação dos contratos das 22 usinas hidrelétricas

da empresa.


O governo optou por realizar a privatização na forma de uma 

capitalização, ou seja, serão ofertadas novas ações da Eletrobras 

na bolsa de valores, em uma oferta que não será acompanhada pela

 União. Com isso, a União deixará de ser a acionista controladora da 

empresa.


Quando o processo for concluído, a estatal se tornará uma empresa 

sem controlador definido. Modelo semelhante foi adotado na privatização 

da Embraer. 


Nenhum acionista terá poder de voto superior a 10% de suas ações. 


O objetivo é justamente pulverizar o capital da empresa, de modo a não

 ter nenhum grupo dominante sobre as suas decisões.

TCU retoma na quarta-feira (18) análise sobre privatização da Eletrobras
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TCU retoma na quarta-feira (18) análise sobre privatização da Eletrobras

Primeira grande privatização


A aprovação do TCU era a última etapa pendente para o governo poder 

fazer a privatização da companhia de energia elétrica ainda neste ano. 

Será a primeira grande estatal a ser vendida pelo governo Bolsonaro. 

O Congresso já tinha dado 

o aval em junho do ano passado.


Com a aprovação no TCU, ainda faltará o cumprimento de alguns

 trâmites burocráticos na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e

 na Securities and Exchange Commission (SEC) para que a oferta 

de ações da Eletrobras seja lançada no mercado.


A ideia inicial do governo era fazer a oferta de ações até 13 de maio, 

mas pedido de vista (mais tempo para análise) do ministro Vital do 

Rêgo adiou os planos.


Oficialmente, o governo ainda não informou a data de privatização, 

mas a expectativa é que a operação aconteça entre junho e até, no 

máximo, meados de agosto.

TCU retoma nesta quarta julgamento que pode viabilizar privatização neste ano
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TCU retoma nesta quarta julgamento que pode viabilizar privatização 

neste ano

Como votaram os ministros


Aroldo Cedraz, relator do processo - apresentou voto favorável à 

continuidade da privatização da empresa, mas determinou ao governo

 que revise o cálculo para definição do preço mínimo por ação a ser 

ofertada ao mercado. Os valores são sigilosos. Também fez algumas recomendações, como para o governo incluir nos novos contratos de

concessão das usinas da Eletrobras a previsão de aditivos para 

remunerar a União em uma futura venda da potência de energia das

usinas.


Vital do Rêgo, autor do pedido de vista apresentou voto contrário à 

continuidade da privatização da empresa nos termos apresentados

 pelo governo. Rêgo diz que o governo subavaliou o valor de mercado

 da Eletrobras, ao não considerar uma venda futura de potência das 

usinas, entre outros fatores; sugeriu que a Eletrobras inflou o dinheiro 

separado para pagar eventuais derrotas em processos judiciais, o

 que reduziu o valor da empresa e dividendos pagos à União; afirmou 

que a privatização vai resultar no aumento da conta de luz, já que

 as usinas da Eletrobras passarão a vender energia a preço de 

mercado, não mais abaixo do valor de mercado, como é hoje.


Jorge Oliveira - acompanhou voto de Cedraz, com alguns ajustes

como a manutenção da cláusula que, na prática, dificulta a 

possibilidade de o governo reestatizar a Eletrobras no futuro ou de

 um grupo privado assumir de forma hostil o controle da empresa.


Walton Alencar Rodriguesacompanhou voto de Oliveira. Não leu 

seu voto em plenário.


Benjamin Zymler votou por dar prosseguimento à privatização, 

na forma sugerida pelos ministros Cedraz e Oliveira, mas por 

recomendar ao BNDES que explique as premissas utilizadas na 

precificação do valor da energia futura gerada pelas usinas da 

Eletrobras. Ao leu ser voto, rebateu as supostas ilegalidades no 

processo citadas por Rêgo.


Augusto Nardes - acompanhou o voto dos demais ministros que

 votaram a favor da privatização. Não leu seu voto em plenário.


Bruno Dantas - votou por acompanhar o voto de Cedraz, com os 

ajustes propostos pelo ministro Jorge Oliveira. Afirmou que o processo de valuation da Eletrobras deixou a deixar, mas disse que é papel 

do mercado corrigir distorções no preço por ação e que cabe ao TCU, 

em casos como este, em garantir a isonomia dos competidores.


Antonio Anastasia - acompanhou o voto dos demais ministros que 

votaram a favor da privatização. Não leu seu voto em plenário.

Por Jéssica Sant'Ana e Jamile Racanicci, g1