
Marina Brandão, Bruno Rosa e Ramona Ordoñez - O Globo
Apesar do baixo percentual de venda dos blocos ofertados — apenas de 13% foram arrematados — a 14ª Rodada de licitação de petróleo e gás natural entra para a história como o certame com maior receita arrecadada. O total de bônus ofertado superou os R$ 3,8 bilhões, com a Petrobras tendo feito a maior oferta: R$ 2,2 bilhões em um único campo na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.
Também nesta quarta-feira, o governo arrecadou R$ 12,1 bilhões com o leilão das quatro usinas de energia da Cemig, valor 9,7% superior ao valor mínimo das outorgas de R$ 11 bilhões. A Enel levou duas hidrelétricas, mas o maior desembolso será feito pelos chineses da Spic Pacific Energy. O certame ocorreu apesar da disputa judicial impetrada pela empresa mineira, que tentou até o último momento ao menos manter uma dessas hidrelétricas em seu portfólio.
— Tirando o leilão do Campo de Libra, que é por regime de partilha, esse é o maior bônus da história. E o maior ágio também, que acumulou mais de 1.550% — explicou o diretor-geral da ANP, Décio Oddone.
Ainda segundo Oddone, a escolha por oferecer um número tão extenso de blocos, que totalizaram 287, foi estratégica. Para ele, a medida permitia uma dinamização do setor, já que prevê não apenas investimento em campos marítimos, mas terrestres.
— Para dar dinamismo para a indústria, resolvemos expandir esse leque. E conseguimos ter atividade onshore em todas as bacias terrestres que foram ofertadas esse ano. Já esperávamos que não fossemos ter um número grande de blocos arrematados, mas a estratégia foi essa mesmo. A gente espera que essa rodada sirva de sinalização para o segmento offshore, mas queremos estimular as bacias terrestres.
Questionado ainda sobre o impacto desses investimentos para o Estado do Rio de Janeiro, o diretor-geral se mostrou otimista. Segundo ele, a expectativa é que a partir da próxima década o leilão já comece a dar retorno para o estado.
— O Rio de Janeiro foi a estrela do leilão. Ficamos 10 anos sem nenhuma oferta na Bacia de Campos, e hoje tivemos esse resultado. Há um potencial muito grande para o Rio de Janeiro, que já deve começar a receber esses royalties a partir de 2025.
Já o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que as vendas vão voltar a gerar investimento e emprego. Segundo ele, é preciso explorar o potencial do Brasil:
— Essa aposta deu certo. Quanto aos vencedores, todos vêm estudando e se preparando. Depois de toda essa mudança nas regras, as empresas fazem as apostas em definitivo do Brasil. O país recebe o aval dessas empresas — disse Coelho.
Sobre o sucesso da Bacia de Campos, o bom desempenho, disse o ministro e Decio Oddone, diretor-geral da ANP, já era esperado:
— Oferta variada para capturar empresas de diversos perfis. E nós conseguimos. Tem atividade nova em várias bacias. O sucesso de leilão não é dado pelo número de blocos arrematados e sim pelas empresas diferentes. A garantia do sucesso é dada pelo aumento no número de empresas e pelo aumento de investimento no futuro - disse Odone.
Fernando Colelho informou que a Petrobras não falou com o governo antes sobre a sua estratégia.
— Não (falamos). É a estratégia da empresa. Tive a oportunidade de falar agora com Pedro parente. Fico feliz de ver uma empresa que ainda tem apetite. O que queremos é promover o ambiente de exploração e competição. Queremos estimular o ambiente de óleo e gás, que passou por uma ambiente de desafios.