sábado, 30 de setembro de 2017

Janot queria me usar para derrubar Temer, diz Cunha


Pedro Ladeira - 12.set.2016/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 12-09-2016, 21h00: O deputado Eduardo Cunha, se defende em sessao na Camara dos Deputados, que vai decidir se o seu mandato sera cassado. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O ex-deputado Eduardo Cunha, na sessão em que a Câmara julgou a cassação de seu mandato


O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso há quase um ano em Curitiba, atribui a estagnação da negociação para seu acordo de delação premiada a motivações políticas de Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República.

"O Janot não queria a verdade; só queria me usar para derrubar o Michel Temer", afirmou o ex-presidente da Câmara em entrevista à revista "Época", publicada na edição desta semana.

Segundo Cunha, o ex-procurador-geral queria que ele mentisse em seu depoimento a fim de comprometer o presidente. O ex-deputado diz que Janot gostaria que ele admitisse ter vendido o silêncio ao empresário Joesley Batista —a informação seria utilizada na denúncia contra Temer.

Essa informação foi a primeira a vir à tona, em maio, no acordo do sócio da JBS com a PGR (Procuradoria-Geral da República) e desencadeou uma crise política no governo Temer.

Cunha ainda diz que, como não aceitou mentir, Janot utilizou as informações delatadas por Lúcio Funaro, que celebrou acordo com a Justiça.
"O que eu tenho para falar ia arrebentar a delação da JBS e ia debilitar a da Odebrecht. E agora posso acabar com a do Lúcio Funaro", afirmou.

Ele diz que há mentiras e omissões nos depoimentos do operador. Por exemplo, Funaro "se esqueceu de dizer que ele me trouxe uma oferta de dinheiro para pagar o advogado Antonio Figueiredo Basto".

Basto defendia o doleiro Alberto Youssef, um dos primeiros a delatar na Lava Jato. Segundo Cunha, o advogado cobrou para mudar o depoimento de seu cliente em relação ao ex-deputado.

Agora, segundo afirmou à publicação, está disposto a voltar a negociar com Raquel Dodge, nova procuradora-geral: "Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja boa-fé na negociação".

Na entrevista, o peemedebista critica à atuação do juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba. O magistrado descumpre o processo legal, na avaliação do deputado, e agiu para "destruir o establishment, a elite política. E conseguiu".