terça-feira, 15 de agosto de 2023

Em 2023, robustez da rede elétrica do país caiu ao menor nível em sete anos

 

Foto: Nicolas Thomas/Unsplash


A robustez da rede básica de energia do Brasil – isto é, a capacidade de suportar contingências sem interrupção no fornecimento – caiu neste ano ao menor nível desde 2016, indicam dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico.

Conforme o ONS, o Sistema Interligado Nacional (SIN) registrou 1.651 perturbações de janeiro a agosto, das quais 123 (7,5% do total) resultaram em algum corte de carga – isto é, interrupção de fornecimento.

As outras 1.528 interrupções (92,5% do total) não resultaram em corte de carga. Assim, o índice de Robustez da Rede Básica (RRB) é de 92,5% no acumulado do ano.

Trata-se do menor índice para os oito primeiros meses do ano desde 2016, quando a RRB no acumulado de janeiro a agosto foi de 91,7%.


A série histórica de perturbações no SIN disponível no site do ONS tem início em 2012. Tanto no intervalo janeiro-agosto quanto no acumulado dos 12 meses do ano, o índice de robustez ficou abaixo de 90% de 2012 até 2016.

De 2017 em diante, o índice superou a marca de 90% em todos os anos, com destaque para os picos de 2018 (robutez de 94,9% até agosto e 94,7% no ano todo) e 2022 (94,1% até agosto e 93,9% no ano todo).

Há duas ressalvas aí. A primeira é que os dados de 2023 ainda não computam o apagão desta terça-feira (15). E a segunda é que eles tendem a sofrer novas modificações até o encerramento do mês, incluindo novas perturbações com ou sem corte de carga, o que naturalmente pode afetar o índice de RRB.


Ano Índice de robustez (jan-ago)

2012 89,1%

2013 88,1%

2014 89,8%

2015 88,3%

2016 91,7%

2017 92,8%

2018 94,9%

2019 93,4%

2020 93,2%

2021 92,7%

2022 94,1%

2023 92,5%


Apagão desta terça foi o primeiro de grande porte em 2023

Até o apagão desta terça, que derrubou 19,1 mil MW do sistema interligado entre 8h30 e 8h40, o país não havia registrado nenhum corte igual ou superior a 1 mil MW no acumulado do ano, segundo dados publicados pelo ONS até a conclusão desta reportagem.

Uma carga de 1 mil MW corresponde ao consumo de cidades como Cascavel (PR), Brasília e Fortaleza.

Tanto em 2022 quanto em 2021, o país havia registrado somente um corte de 1 mil MW ou mais em todo o ano.

Os números foram maiores nos anos anteriores. Na série do ONS, iniciada em 2022, os anos com mais apagões dessa proporção foram 2016, com sete ocorrências, e 2012, com cinco.


Ano Cortes de 100 MW ou mais Cortes de 500 MW ou mais Cortes de 1.000 MW ou mais

2012 82 11 5

2013 81 4 2

2014 84 8 2

2015 106 12 3

2016 69 10 7

2017 65 6 1

2018 34 4 3

2019 60 3 2

2020 56 7 2

2021 47 5 1

2022 40 1 1

2023* 24 2 0

*Até agosto. Não inclui dados de 15/8



Fernando Jasper, Gazeta do Povo