O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor - Semanal (IPC-S) da Fundação
Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, consolidou sua projeção de deflação do
indicador no fechamento de julho, após variação negativa de 0,44% registrada na
terceira quadrissemana do mês. "Está claro que vamos fechar o mês com uma
deflação, estou imaginando algo em torno de -1,2%", afirma Picchetti.
De acordo com o coordenador da FGV, o resultado não é surpresa e, em geral,
é efeito da redução do ICMS sobre combustíveis e energia. "A única exceção
importante é passagens áreas 4,65% para -6,92%, com redução sazonal devido
ao final das férias."
Acerca da queda apurada no IPC-S na terceira quadrissemana de julho, Picchetti
calcula que sozinha a gasolina (-3,59% para -8,61%) teve impacto de 0,59 ponto
porcentual negativo na variação, enquanto etanol (-8,00% para -9,83%) e
energia elétrica (-2,29% para -3,51%) impactaram em -0,07 ponto e -0,14 ponto,
respectivamente. "A gasolina explica sozinha mais do que o total de deflação
que tivemos."
Segundo o coordenador, o alívio promovido por combustíveis, energia e
passagens foi compensado por pressões em outros grupos, como Alimentação,
Vestuário e Saúde e Cuidados Pessoais. "Não é um processo deflacionário
generalizado, é um movimento muito concentrado nesses itens. Em primeiro
lugar, tem data de validade. Em segundo, não muda a trajetória de inflação, que
vinha elevada e continua na maioria dos outros itens."
Na ponta, Picchetti calcula queda superior a 16% para a gasolina e de mais
de 11% para o etanol, além de recuo superior a 37% para passagens aéreas
e em cerca de 5% para energia.
ESTADÃO CONTEÚDO - Marianna Gualter