segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Caetano abre o jogo e diz que prisão apagou sua atração por homens

 

Contando com 12 mesas de discussões sobre temas variados, a que mais chamou a atenção foi a mesa de número oito, com o título "Transições".

Os convidados dessa mesa eram o cantor e compositor Caetano Veloso e o escritor espanhol Paul B. Preciado.

Entre os temas discutidos, o avanço de uma suposta "extrema direita" no mundo e os livros escritos por ambos os convidados.

Ao ser questionado por Preciado sobre o título de seu livro ‘Narciso em Férias’, Caetano relembrou seu tempo na prisão durante a ditadura militar:

“Parecia que minha vida tinha sido essa o tempo todo e, quando me decidi narrar a experiência da prisão, me pareceu um bom título”.

Sobre o gênero do livro, que Gurria-Quintaca classificou de autoficção, Veloso admitiu que não pode deixar de haver, no caso, a construção de um personagem.

Preciado, que pediu a mudança de sexo, acabou encaminhando o assunto para o tópico da sexualidade, e citou uma declaração do crítico Luís Carlos Maciel de quando o livro Vereda Tropical foi lançado:

"Caetano se revelou, ele não é homossexual, nem bissexual, nem heterossexual”.

Ao ouvir a citação, Caetano, rindo, admitiu que já se apaixonou por homens, mas acabou por declarar:

“O espaço muito masculino da prisão militar causou um outro apagão aqui, que foi a atração sexual e sentimental por homens. Fiquei com uma rejeição sexual em relação à figura dos homens, que eu não tinha”, disse ele.

Jornal da Cidade