O procurador-geral da República criticou a possibilidade da operação virar “instrumento de aparelhamento” depois da demissão coletiva de integrantes da força-tarefa

Aras: Lava Jato não é ‘órgão autônomo’ | Foto: Leonardo Prado/MPF
O procurador-geral da República, Augusto Aras, divulgou uma nota neste domingo, 28, em que comenta a demissão coletiva de integrantes da Lava Jato. No documento, ele afirma que a força-tarefa não é um “órgão autônomo” dentro do governo e critica a tentativa de transformar a operação “num instrumento de aparelhamento”.
A nota de Aras foi publicada depois que procuradores que integram o núcleo da Operação Lava Jato na PGR pediram demissão coletiva por causa de discordâncias com a coordenadora do setor, a subprocuradora-geral da República Lindora de Araújo, braço direito de Aras.
Os desentendimentos entre esses procuradores, Lindora e Aras vinham aumentando nos últimos meses. Porém, chegaram ao ápice depois de a subprocuradora supostamente entrar com uma ação para obter dados sigilosos da operação no Paraná, segundo acusou a força-tarefa na semana passada.
De acordo com informações do portal R7, os procuradores chegaram a enviar um ofício a Aras e à corregedoria da PGR acusando Lindora de ir à sede do Ministério Público Federal do Paraná para consultar arquivos que originaram a Lava Jato, em 2014. No documento, eles alegam “estranhamento” gerado pela “busca informal” de dados e o uso do nome da corregedoria do MPF. A subprocuradora, contudo, nega que tenha pedido o compartilhamento informal dos dados.
“A Lava Jato, com êxitos obtidos e reconhecidos pela sociedade, não é um órgão autônomo e distinto do Ministério Público Federal (MPF), mas sim uma frente de investigação que deve obedecer a todos os princípios e normas internos da instituição”, escreveu Aras. “Fora disso, a atuação passa para a ilegalidade, porque clandestina, torna-se perigoso instrumento de aparelhamento”.
Ainda de acordo com a nota, as investigações da Lava Jato não vão ser prejudicadas, pois a saída dos procuradores já estava prevista para ocorrer na terça-feira e as investigações vão continuar a ser conduzidas por membros auxiliares e integrantes remanescentes no grupo.
Roberta Ramos, Revista Oeste