O dólar comercial passou a cair, em meio às expectativas da aprovação do megapacote avaliado em US$ 2 trilhões para socorrer a economia dos EUA e de uma ação conjunta dos países europeus para emitir dívidas para conter os impactos econômicos da pandemia provocada pelo vírus chinês. Pela segunda sessão consecutiva, a moeda americana fechou em queda. Nesta quarta, recuou 0,96%, a R$ 5,032.
No mercado acionário, o Ibovespa (índice de referência da Bolsa de SP) subiu 7,5%, aos 74.955 pontos, acompanhando o desempenho de Nova York. O Dow Jones e S&P avançaram, respectivamente, 2,39% e 1,15%. A Bolsa eletrônica inverteu a tendência no fim do dia e fechou com queda de 0,45%. Ibovespa ainda acumula perdas de 35,1% no ano.
Na madrugada desta quarta, senadores democratas e republicanos (partido do presidente Donald Trump) chegaram a um acordo para dar fim ao impasse que impede a votação do plano trilionário de ajuda econômica para os EUA.
Já nesta quarta, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) Christine Lagarde se mostrou disposta a usar sua ferramenta mais poderosa de compra de títulos, projetada em 2012, sob a gestão de Mario Draghi. O programa de Transações Monetárias Definitivas (OMT, na sigla em inglês) permite que o BCE compre quantidades quase ilimitadas da dívida soberana de um país.
— Todos os estímulos anunciados, sejam monetários ou fiscais, contribuem para fazer com que a economia mundial não entre em em colapso. Essas ações estão fazendo com que a economia não tenha um colapso, mas ela, certamente, vai passar por uma severa recessão — avaliou Rodrigo Donato, assessor sênior da Acqua Investimentos.
Internamente, os investidores avaliam o pronunciamento à nação do presidente Jair Bolsonaro, na noite da véspera. Em um discurso de cerca de cinco minutos, o presidente defendeu a quarentena vertical (apenas dos grupos de risco) e a retomada das atividades econômicas do país.
— As declarações do presidente trouxeram um pouco mais de aversão ao risco neste momento. O risco de ruídos políticos volta a ser considerado pelo mercado — avaliou Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.
Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, avalia que os ruídos políticos tendem a deixar o mercado instável durante toda esta quarta:
— O acordo para aprovar o pacote de US$ 2 trilhões é positivo. Somando com que o Fed está fazendo, é uma ação sem precedentes.
Destaques do Ibovespa
Em mais um pregão tomado pelo otimismo em relação a estímulos às economias, as companhias aéreas tiveram outro dia de ganhos. A Gol disparou 35,06%, a maior alta no Ibovespa nesta quarta. Na esteira, a Azul registrou valorização de 18,55%.
A empresas de cosméticos Natura fechou o dia com ganhos de 16,06% após informar que suas fábricas na América Latina vão produzir álcool em gel diante da atual pandemia de coronavírus.
Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto) da Petrobras subiram, respectivamente, 8,02% e 8,08%. Além de um cenário menos conturbado, contribuiu para os ganhos a alta de 1,03% no preço do barril de petróleo tipo Brent no mercado internacional, que era negociado a US$ 27,43 no fechamento dos negócios no Brasil.
Com informações de Gabriel Martins, O Globo