segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Com temor a coronavírus, Bolsas despencam e dólar vai a R$ 4,23

Com um salto de 40% no número de mortos e infectados pelo coronavírus chinês de domingo (26) para esta segunda-feira (27), o mercado financeiro opera em aversão a risco. Para investidores, o caso fugiu do controle chinês e pode ter grandes impactos na economia. Até o momento, 81 pessoas morreram e 2.744 foram infectadas.
Analistas avaliam que o dano econômico pode ser maior do que a epidemia do Sars (síndrome respiratória aguda grave) que deixou centenas de mortos em 2003.
"Naquela época, as economias estavam iniciando um movimento de expansão após uma grave crise; hoje, o mundo está exatamente na direção oposta, com as grandes economias lutando para impedir que uma desaceleração mais forte na atividade possa se tornar uma recessão. Caso o Coronavírus estenda seus efeitos, os indicadores econômicos do 1º trimestre podem ser duramente impactados. E com os juros tão baixos mundo afora, os Bancos Centrais podem ter menos ferramentas para estimular as economias", diz relatório da Rico.
Médico mede temperatura de um homem no aeroporto de Changsha, 
na província de Hunan, na China - Thomas Peter/Reuters
Nesta segunda, Bolsas de Valores de todo o mundo operam em forte queda. Europa e Estados Unidos têm os maiores recuos percentuais em mais de três meses: Londres, Paris e Frankfurt recuam 2,5% e Dow Jones e S&P 500, 1,5%. A Nasdaq cai 1,7% e a Bolsa de Tóquio teve queda de 2%.
O mercado acionário chinês permanece fechado pelas comemorações do Ano Novo Lunar até 3 de fevereiro. À princípio, as atividades retornariam nesta quinta (30), mas o governo estendeu o feriado de modo a conter o vírus.
No Brasil, o Ibovespa recua 2,5%, a 15.345 pontos, menor patamar desde 20 de dezembro. Com a queda de 2% do barril de petróleo, as ações da Petrobras caem 3,6%.
A cotação do dólar comercial sobe 0,9%, a R$ 4,225, maior valor desde 29 de novembro. O turismo está a R$ 4,39. A grama do ouro sobe 0,94%, a R$ 214,00.
Em momentos de aversão a risco, investidores tendem a vender ações e comprar ativos mais seguros, como ouro e dólar

Júlia Moura, Folha de São Paulo