Ele acredita que se o país reduzir essa complexidade tributária, aprovar a reforma da Previdência no próximo ano e cumprir o teto dos gastos, a economia poderá voltar a crescer 3% ao ano. Mansueto também defendeu a a agenda de privatizações, considerando que o país perdeu a capacidade de investir.
— O setor público não tem capacidade de investir, não tem recursos para fazer os investimentos que o país precisa. Isso pode ser feito pelo setor privado se avançarmos na agenda de concessões. Mas o que pode desacarrilar o trem é não aprovarmos a reforma da Previdência — afirmou.
Questionado pelos participantes do evento quais outras medidas são necessárias para reequilíbrio das contas públicas, Mansueto afirmou que a reestruturação das carreiras no serviço público é uma delas. O secretário do Tesouro lembrou que os funcionários públicos tiveram reajuste de salário real em plena recessão e uma reestruturação seria uma forma de contribuir com o país num momento difícil.
— Também há muitos programas públicos que precisam ser reestruturados, já que não reduzem a desigualdade de renda no país. Não é acabar com os programas, mas dar mais foco. O único programa que combate de fato a pobreza é o Bolsa Família. É um programa que não tem receita garantida e nem é indexado. Mas o valor tem sido ajustado pelos governos porque é um programa mais focado — afirmou Mansueto, sem citar outros programas que podem sofrer modificações no novo governo.
O secretário do Tesouro disse ainda que a politica de reajuste do salário mínimo também poderia entrar na pauta de reestruturações. Segundo ele, o salário mínimo não pode ser a renda média do país.
— O trabalhador que produz mais, tem que ganhar mais. Nos últimos 15 ou 16 anos, o salário mínimo cresceu 150%. Será preciso ver como financiar isso para cumprir o teto dos gastos. Não é fácil, porque o Brasil nunca fez um ajuste fiscal pelo lado do corte de despesas — observou Mansueto.
João Sorima Neto, O Globo