
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou nesta quarta-feira que a deputada Tereza Cristina (DEM-MS) vai comandar o Ministério da Agricultura. Ela é coordenadora da frente parlamentar da agropecuária, a chamada bancada ruralista, e presidiu a comissão especial que aprovou o projeto que flexibiliza a regulação de agrotóxicos, proposta que ganhou o apelido de "PL do Veneno", da qual era uma das principais defensoras.
A indicação dela ocorreu após reunião do presidente eleito com a bancada no Centro Cultural do Banco do Brasil, onde trabalha a equipe de transição. Ela é a primeira mulher anunciada para compor o primeiro escalão, que já tem cinco homens escalados.
— Quero agradecer a todos vocês e, com muito prazer, eu anuncio aqui Tereza Cristina como ministra da Agricultura — disse Bolsonaro aos parlamentares ruralistas no encerramento da reunião.
Vice-presidente da frente parlamentar, o deputado Alceu Moreira (MDB-RS) anunciou a indicação ao deixar a reunião com o presidente eleito. Segundo ele, ficou acertado que a pasta do Meio Ambiente continuará a existir de forma autônoma, mas o nome do titular terá de ser "homologado" por Tereza Cristina.
A deputada se aproximou de Bolsonaro depois de ter levado a ele uma declaração formal de apoio da frente parlamentar na semana antes do primeiro turno das eleições. O apoio foi tido pelo presidente eleito e seu time como fundamental para desmontar o discurso de que ele não conseguiria sustentação no Congresso.
Tereza Cristina era líder da bancada do PSB até outubro do ano passado. Ela deixou a legenda depois de decidir votar contra o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer. Ela entrou no DEM em dezembro, em uma articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e assumiu o comando da bancada ruralista em fevereiro de 2018.
A reunião em que foi feito o anúncio contou com a presença de 30 deputados e senadores da bancada ruralista. Na entrada da reunião, eles já haviam anunciado que pediriam a Bolsonaro a nomeação da colega para a pasta da Agicultura. O cargo era disputado por duas alas do agronegócio. Enquanto a frente e algumas entidades fizeram lobby por Tereza Cristina, a União Democrática Ruralista (UDR) ofereceu o nome do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) para a função. O presidente da UDR, Nabhan Garcia, também já foi cotado para a função.
Tereza Cristina esteve de manhã no Centro Cultura Banco do Brasil para se reunir com Onyx Lorenzoni, que coordena o grupo. Ela tinha se oferecido para ajudar de forma voluntária na transição. A deputada não participou da reunião que sacramentou seu nome para o ministério.
Eduardo Bresciani, O Globo