domingo, 4 de novembro de 2018

Bilionário Warren Buffet vai às compras como não fazia há quatro anos


O megainvestidor americano Warren Buffett, ECO da Berkshire Hathaway
Foto: Rick Wilking / Rick Wilking/Reuters/6-5-2018
O megainvestidor americano Warren Buffett, ECO da Berkshire Hathaway Foto: Rick Wilking / Rick Wilking/Reuters/6-5-2018

NOVA YORK - A Berkshire Hathaway Inc, conglomerado liderado pelo bilionário Warren Buffett, dobrou seu lucro operacional no terceiro trimestre para US$ 6,88 bilhões, na medida em que seu negócio de seguros conseguiu evitar impactos gerados pela ocorrência de furacões e se beneficiar de menores impostos, anunciou a companhia neste sábado.

O forte resultado garante a Buffett mais dinheiro para desenvolver seus negócios, embora o investidor conhecido por sua estratégia de “caçar barganhas” tenha admitido que tem sido difícil encontrar onde aplicar seus lucros, recorrendo à recompra de US$ 928 milhões em ações de sua própria companhia no último trimestre.

O presidente da Berkshire gastou mais dinheiro com a compra de ações no mercado no último trimestre do que em mais de quatro anos. Apesar do valor da recompra de papeis da companhia, que equivale a menos de 1% do caixa, estabelece um novo precedente, indicando que o magnata voltou às compras.
— É muito importante em termos de sinalizar um movimento — disse Jim Shanahan, analista da Edward Jones, à Bloomberg. — O que eles demonstraram é a disposição para usar o caixa para recomprar ações se elas atingirem um valor que acreditam estar abaixo do que de fato valem.
Aos 88 anos, Buffett enfrenta um desafio. Ele sempre preferiu usar o dinheiro do Berkshire na busca por grandes acordos ou comprar ações de empresas como Apple e Coca-Cola. Embora ainda seja uma meta fechar “um ou mais mega-aquisições”, ele lamentou que os preços de muitas empresas alcançou a “alta máxima”. Isso fez com que ele tivesse que se virar para colocar para jogo um caixa que bateu US$ 100 bilhões em recursos nos últimos cinco trimestres.
A questão é que, quando se está sentado sobre uma montanha de recursos assim, cresce a pressão dos investidores para que esse dinheiro seja devolvido aos acionistas por meio de recompra de ações ou pelo pagamento de dividendos.

Mais de US$ 100 bilhões em caixa

O lucro operacional da Berkshire no terceiro trimestre dobrou para US$ 6,88 bilhões, ante US$ 3,44 bilhões há um ano, e acima dos US$ 6,11 bilhões esperados por Wall Street, segundo dados da Refinitiv.
As operações de seguros da companhia foram ajudadas por menores passivos estimados no setor de imóveis e acidentes frente aos últimos anos e também por menores impostos. O ano anterior incluiu grandes perdas devido a três furacões nos EUA e um terremoto no México.
Os ganhos com seguros foram de US$ 441 milhões no trimestre, ante uma perda de US$ 1,4 bilhão no mesmo período do ano anterior.
— Esse é absolutamente um dos melhores resultados trimestrais já anunciados por uma corporação americana — disse Bill Smead, chefe-executivo da Smead Capital Management, acionista da Berkshire.
A Berkshire disse que o lucro líquido do terceiro trimestre subiu mais de 355%, para US$ 18,5 bilhões, embora isso reflita uma nova regra contábil que exige que a empresa reporte ganhos de investimento não realizados nos resultados. Buffett disse que a regra pode induzir os investidores ao erro e sugeriu que eles devem olhar para o lucro operacional.
A taxa de impostos efetivamente pagos pela Berkshire no terceiro trimestre foi de 19,2%, comparado a 25,3% no mesmo período do ano anterior, após a redução da alíquota de imposto corporativo sancionada pelo presidente Donald Trump em dezembro.
A Berskshire tem US$ 103,6 bilhões em caixa, títulos do Tesouro de curto prazo e investimentos similares.
A última grande aquisição de Buffet foi em janeiro de 2016, quando a Berkshire pagou US$ 32,1 bilhões pela fabricante de peças para aeronaves Precision Castparts. Em julho, a companhia anunciou um alívio em uma política que na prática impedia Buffet de recomprar ações da companhia por seus preços correntes.
A Berkshire tem sede em Omaha, no estado americano de Nebraska, e detém mais de 90 negócios nos setores de seguros, químico, energia, alimentos e varejo, além de equipamentos para indústrias, ferrovias e outros.

O Globo, com agências internacionais