Ao menos 14 pessoas morreram após um deslizamento na manhã deste sábado (10) no Morro da Boa Esperança, em Piratininga, na região Oceânica de Niterói. O número de mortos foi atualizado na manhã deste domingo (11) pelo Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro. Até o momento, onze vítimas foram encontradas com vida pela equipe de resgate.
Um menino de três anos está entre as vítimas. Também perderam a vida um mulher de 55 anos, outra de 56 e um homem de 37 anos. O Corpo de Bombeiros ainda não confirmou oficialmente os dados sobre os outros mortos.
Por volta das 5h, uma pedra deslizou e atingiu de cinco a sete casas, de acordo com o Corpo de Bombeiros. O terreno estava úmido devido às fortes chuvas que atingem o estado do Rio, incluindo a região metropolitana, desde a noite da última quarta-feira (7).
Até agora, onze pessoas foram resgatadas com vida. Seis delas foram encaminhadas para o Hospital Estadual Azevedo Lima, sendo duas crianças. Outra vítima, uma mulher de 25 anos, foi para o Hospital Estadual Alberto Torres. As vítimas não foram identificadas e outros moradores podem estar sob os destroços.
De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros e secretário de Estado de Defesa Civil, Roberto Robadey, Niterói estava em estágio de atenção e alerta, e as comunidades estavam avisadas da situação.
Claudio dos Santos, presidente da associação dos moradores do morro da Boa Esperança, disse ao canal GloboNews que algumas casas estavam isoladas pela Defesa Civil, por causa do risco de deslizamento, mas que as famílias continuaram no local.
A interdição foi confirmada pela moradora ferida no deslizamento Rosemary Caetano da Silva. Ela disse à emissora que sua neta bebê ainda está nos escombros.
"Minha neta de 8 meses está lá soterrada. Consegui tirar um neto meu que está no hospital e meus filhos estão no hospital. Tudo o que está acontecendo aí todo mundo sabia que ia acontecer. A Defesa Civil chegou a interditar as casas, falou que tomaria providência", afirmou Rosemary.
A Prefeitura afirmou, em nota, que a causa do deslizamento foi "a ruptura de um maciço em uma área de preservação ambiental acima da localidade Boa Esperança".
Segundo a Prefeitura, "a região não era diagnosticada como de alto risco geológico dentro do mapeamento de risco do Departamento de Recursos Minerais do Governo do Estado (DRM), que norteia a atuação da Defesa Civil."
O departamento estadual, porém, disse que não fez análises na localidade, uma vez que, à época em que começou a fazer levantamentos do tipo em municípios fluminenses, a prefeitura de Niterói já havia feito ou estava prestes a fazer uma análise geológica própria de suas áreas de risco.
Trabalham em buscas no local oitenta bombeiros de sete quartéis e as operações devem durar cerca de 48 horas.
Além de equipes da prefeitura, que prestam socorro às vítimas e dão apoio a vizinhos e familiares, a Polícia Militar também ajuda no resgate. Segundo a prefeitura, uma base de apoio foi montada na Escola Municipal Francisco Portugal Neves, em Piratininga, para receber os desabrigados.
A Prefeitura de Niterói informou ainda que equipes da "Defesa Civil (municipal), Saúde, Assistência Social, Obras e Companhia de Limpeza, estão no local, atuando em conjunto com o Corpo de Bombeiros e Defesa Civil Estadual, prestando socorro às vítimas e apoio para vizinhos, amigos e familiares".
A administração também disse que desde 2013 "investiu mais de R$ 150 milhões em obras de contenção em 50 encostas da cidade".
PEZÃO E WITZEL LAMENTAM MORTES
O atual governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e o governador eleito do estado, Wilson Witzel, lamentaram as mortes causadas pelo deslizamento. Os dois se solidarizaram com as famílias que perderam parentes na tragédia.
“[Witzel] Recebeu com pesar a informação do falecimento de três pessoas [o número de vítima subiu para dez] na Comunidade da Boa Esperança, em Niterói, em virtude do deslizamento de terra, por causa das chuvas”, disse em nota.
Também por meio de nota, Pezão afirmou que “o Governo do Estado do Rio de Janeiro está mobilizado para auxiliar a prefeitura de Niterói, em razão do deslizamento de terra na Comunidade da Boa Esperança, em Piratininga, município de Niterói".
MORRO DO BUMBA, HÁ 8 ANOS
Em 2010, uma tragédia no morro do Bumba, também em Niterói, deixou 56 mortos. Um deslizamento de terra atingiu a encosta do morro arrastando casas e soterrando famílias.
Em 2004, o Instituto de Geociência da Universidade Federal Fluminense fez um estudo, a pedido do Ministério das Cidades, e constatou que a área já tinha alto risco de acidentes e exigia monitoramento constante.
Entre 1970 e 1985, o morro foi depósito de lixo de Niterói e São Gonçalo. Nos 25 anos seguintes, a área foi ocupada por mais de cem casas, segundo os moradores. Cerca de 50 delas foram soterradas.
Duas fissuras na rocha, no alto do morro, serviram de "gatilho" para o grande deslizamento de terra, concluiu estudo de geógrafos da PUC-Rio, feito a pedido do DRM (Departamento de Recursos Minerais do Rio). O excesso de lixo e a presença do gás agravaram a tragédia.
UOL e AGÊNCIA BRASIL
O Estado de São Paulo