Fernando Haddad declarou nesta terça-feira que mantém com Lula uma parceria semelhante à que se estabeleceu entre Lionel Messi e Luiz Suárez no time do Barcelona. Fez a analogia em resposta a uma pergunta sobre o papel que Lula exerceria num eventual governo chefiado por seu novo poste. Uma hipótese que Haddad ainda não admite. “Se perguntar o que vou fazer nas próximas semanas, é isso: lutar pela candidatura do Lula e ter a honra de ceder a vaga de vice-presidente para Manuela D’Ávila”.
Em entrevista a jornalistas simpáticos ao PT, Haddad atribuiu a analogia futebolística ao próprio Lula. “Ele falou: ‘Eu e o Haddad, a gente joga que nem o Messi e o Suárez’.” O novo poste de Lula sentiu a necessidade de esclarecer: “Eu sou o Suárez, ele é o Messi.” Como que antevendo a necessidade de receber uma transfusão de votos do prisioneiro de Curitiba, Haddad acrescentou:
“A minha relação com o Lula é de muita confiança. Foi construída ao longo de muitos anos. Eu entendo perfeitamente bem a minha posição nessa chapa. Vou lutar como advogado, como cidadão e como miltitante pela sua candidatura até o fim. Espero vê-la registrada. Isso acontecendo, Manuela assume a minha posição. E eu vou ser, muito feliz, possível futuro ministro do governo Lula. A única coisa que eu falei pra ele foi: Eu escolho o minsitério.”
Uma repórter perguntou a Haddad se, na hipótese de ser eleito com o apoio de Lula, reeditaria no Brasil a “fórmula Cámpora-Perón”. Ela se referia a Héctor Cámpora, um presidente argentino cuja dependência política foi denunciada pelo slogan de sua própria campanha: ‘Cámpora al gobierno; Perón al poder’. Dois meses depois de empossado, Cámpora renunciou, abrindo caminho para o retorno ao poder do caudilho argentino Juan Domingos Perón, em 1973.
Haddad deu uma resposta ensaboada: “O Lula é uma figura central na história do Brasil. Ponto. Goste ou não, isso é um dado da realidade. Nós temos que levar em conta isso sempre. Espero ver o Lula na Presidência da República. Essa é a minha resposta. É um direito que ele tem. Será eleito se for candidato. Seria eleito, se não for. Espero que isso aconteça.”
Perguntou-se também a Haddad se concederia um indulto a Lula. Ele recordou que, quando esse tema começou a ser mencionado, conversou com preso petista. “Lula falou: ‘Haddad, eu quero um julgamento justo. Quero ser julgado pelo que está no processo.”
Nesse ponto, Haddad reconheceu que a situação jurídica de Lula não se resolve rapidamente . “Infelizmente, isso talvez só aconteça depois da eleição. O problema que nós estamos vivendo não é provar a inocência do Lula. O problema é a Justiça reconhecer a inocência do Lula. […] Obviamente que não está no horizonte de curto prazo a revisão da sentença [que resultou na condenação a 12 anos e um mês de cadeia no caso do triplex]. Mas ela terá que ser analisada novamente pelos tribunais superiores, tanto o STF quando o STJ. Vão ter que reanalisar.”
Espremendo-se as palavras de Haddad, consolida-se a evidência de que Lula tenta novamente governar o Brasil por procuração. Depois do fiasco Dilma Rousseff, o Messi petista encontrou no novo “poste” as qualidades de um Suárez diferente do original. Haddad é incapaz de morder as pessoas. Na campanha, será ainda mais comportado do que o usual. Ecoando um recado de Lula, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, declarou que o poste está ''em estágio probatório''.
Com Blog do Josias, UOL
