terça-feira, 28 de agosto de 2018

Chefe de Ciro, Lupi é réu no DF por uso de avião pago com dinheiro de ONG

Diferentemente do que o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, defendeu em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, na noite de segunda-feira, 27, o presidente nacional do seu partido, Carlos Lupi, é, sim, réu na Justiça. Ele responde a uma ação civil no Distrito Federal em razão de um caso revelado por VEJA em 2011: o uso de avião pago com dinheiro de uma ONG que tinha contratos com o Ministério do Trabalho – pasta que, à época, ele comandava no governo de Dilma Rousseff (PT). O processo, porém, ainda não foi julgado.
A ação foi apresentada em 2012 e aceita pela juíza Ivani Silva da Luz três anos depois, em 2015. O julgamento político, no entanto, foi mais rápido: a Comissão de Ética Pública da Presidência aprovou, em dezembro de 2011, uma recomendação a Dilma para que demitisse seu então ministro, considerando ainda outros fatos, como Lupi ter dito que “só saía abatido a bala”. Para evitar o constrangimento, ele pediu demissão.
VEJA mostrou que Carlos Lupi, então ministro, havia viajado em 2009 ao Maranhão na companhia de assessores, do governador do estado à época, Jackson Lago (PDT), e do empresário Adair Meira. A conta do avião particular foi paga por Meira, responsável por duas ONGs, a Fundação Pró-Cerrado e a Renapsi, que tinham contratos com valores acima de 10 milhões de reais justamente com a pasta do Trabalho comandada por Lupi.
No primeiro momento, o ministro negou que sequer conhecesse Meira, em esclarecimento ao Congresso. Depois, quando fotos e um vídeo mostraram ele saindo da aeronave do empresário em uma cidade maranhense, foi obrigado a admitir a relação, mas ele se limitou a dizer que havia viajado “de carona” e que não sabia de quem era o avião. Então assessor do ministro, Ezequiel de Souza Nascimento confirmou a VEJA que foi Meira quem pagou a conta da viagem.
As pendências judiciais do presidente do PDT foram suficientes para constranger Ciro Gomes diante dos entrevistadores William Bonner e Renata Vasconcellos, quando ele reiteradamente negou que Lupi fosse réu na Justiça — o presidenciável chegou a dizer que tem “confiança cega” no aliado. Na entrevista, de 27 minutos, ele tratou de outros temas, como a sua relação com o ex-presidente Lula (PT) e o seu projeto para a renegociação de dívidas dos brasileiros hoje cadastrados na lista negativa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).

Outro lado

Em nota, Carlos Lupi afirmou que nunca respondeu a processos criminais nem foi investigado por corrupção. Sobre o caso, ele alegou que acionou o Ministério da Justiça “para a devida apuração dos fatos”. “Após exaustiva apuração, sequer foi instaurado inquérito criminal contra mim”, disse Lupi.
Ele afirmou ainda que o Ministério Público Federal (MPF) abriu uma ação para apurar se seria necessário ressarcir os cofres públicos em caso de improbidade administrativa. “Não seria o caso de ressarcimento, pois não foi gerada nenhuma despesa. Mesmo cumprindo agenda oficial, não utilizei o avião da FAB, o que geraria custos”, respondeu.
“Reforço que sou ficha limpa e não aceitarei que meu nome seja citado sem o devido esclarecimento na tentativa de me igualar a políticos sob investigações gravíssimas de corrupção e com o claro objetivo de prejudicar a candidatura de Ciro Gomes”, destacou Lupi.

Com Estadão Conteúdo