Um dia após comunicar a suspensão do processo de busca de parceiros para quatro refinarias, a Petrobras anunciou nesta quarta-feira uma parceria para concluir a construção da refinaria no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, em Itaboraí, um dos maiores símbolos do esquema de corrupção que existiu na companhia e que foi revelado pela Operação Lava-Jato.
Em comunicado ao mercado, a Petrobras informa que assinou uma carta de intenções com a gigante chinesa China National Petroleum Corporation International (CNPCI) para detalhar a execução de projetos em parceria que incluem a construção de uma refinaria no Comperj, além da participação dos chineses nos campos de Marlim, na Bacia de Campos.
O fato relevante não detalha qual será a participação dos chineses no projeto, nem os investimentos previstos. Mas o acordo mostra que a ideia é de realizar um projeto integrado no qual o petróleo de Marlim, que é pesado, seja usado na refinaria cuja concepção inicial era para o uso de petróleos pesados.
As obras do Comperj, onde já foram gastos cerca de US$ 14 bilhões, estão paradas desde 2015. Uma outra empresa chinesa, a Shandong Kerui Petroleum, foi contratada no início deste ano pela Petrobras para a construção da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN), no Comperj, destinada a transportar o gás natural que será produzido nos campos do pré-sal na Bacia de Santos.
No comunicado ao mercado, a Petrobras informa que a carta de intenções, resultado de negociações iniciadas exatamente há um ano, define os ativos que fazem parte de um projeto integrado, que inclui a conclusão da Refinaria do Comperj e uma participação da CNPC na área de Marlim.
De acordo com a Petrobras, "a implementação da parceria estratégica depende do sucesso das negociações dos acordos finais".
‘Petrobras e CNPC são parceiras desde 2013 no consórcio da área de Libra, no primeiro contrato pelo regime de partilha de produção, no pré-sal da Bacia de Santos’
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Petrobras e CNPC são parceiras desde 2013 no consórcio da área de Libra, no primeiro contrato pelo regime de partilha de produção, no pré-sal da Bacia de Santos. Em 2017, o consórcio formado pela Petrobras (operadora, com 40% de participação), CNPC (com 20%) e BP (com 40%) foi o vencedor para o Bloco de Peroba, um dos mais disputados do leilão.
“A parceria estratégica fortalecerá os laços entre as empresas e contribuirá para o aprofundamento da Parceria Estratégica Global entre o Brasil e a China, ambos membros do grupo BRICS”, afirma a Petrobras no fato relevante.
Ramona Ordoñez, O Globo
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