quinta-feira, 7 de junho de 2018

Falta de rumo resume tragédia brasileira hoje, diz Juca de Oliveira


Juca de Oliveira diante da bilheteria, segundo ele garantia da liberdade do artista de teatro. Foto: Christina Rufatto/Estadão
À pergunta que lhe foi feita sobre qual tema sugeriria a Shakespeare, de quem interpretou recentemente O Rei Lear, para escrever uma tragédia no Brasil atual, o ator, autor e diretor de teatro, cinema e televisão Juca de Oliveira não hesitou em escolher a falta de rumo, preterindo desespero, desesperança e descrédito. Ex-estudante de Direito nas Arcadas, ele definiu o vilão Natanael, que encarnou na telenovela O Outro Lado do Paraíso, como um “anjo de candura”, comparado com juristas famosos que ganham fortunas para garantir a impunidade de delinquentes de colarinho-branco nesta crise atual, que lhe parece a mais grave que já viu na vida.
José de Oliveira Santos, o Juca de Oliveira, nasceu em 1935 em São Roque, na Grande São Paulo. Saiu da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, para ingressar na celebrada Escola de Arte Dramática. No Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) participou de encenações antológicas como A Semente, de Gianfrancesco Guarnieri. No Teatro de Arena fez Eles Não Usam Black-tie, do mesmo Guarnieri. Na TV Tupi protagonizou a pioneira telenovela Nino, o Italianinho, tornando-se muito popular. No teatro brilhou em 60 peças, entre as quais comédias de grande público, como Caixa 2 e Meno Male, de sua autoria. No cinema participou do elenco de clássicos como Caso dos Irmãos Naves. , de Luiz Sérgio Person. Ocupa a cadeira n.º 8 da Academia Paulista de Letras. É casado com Maria Luiza (Zu) de Oliveira, com quem tem filha Isabela.
Nêumanne entrevista Juca de Oliveira
Juca de Oliveira em 1969, época em que conquistou a fama como galã de novelas da TV Tupi. Foto: Divulgação
N – A caminhada da sociedade brasileira atual, que parece sadomasoquista ou até suicida para alguns comentaristas, inclusive este escriba que lhe pergunta, tendo em vista o apoio popular a uma chantagem da qual ela própria foi vítima e agora paga o alto custo de seu resgate, não faz lembrar o suicídio e imolação dos filhos de Jasão por Medéia, na tragédia grega de Eurípedes, citada por João Emanuel Carneiro em Avenida Brasil, telenovela na qual o senhor interpretou o vilão Santiago, e, antes disso, adaptada por Chico Buarque e nosso saudoso amigo Paulinho Pontes em Gota d’Água?
JdeO – Tenho 83 anos e jamais vivi um momento político-social-econômico tão tenso, quase beirando a tragédia, como você bem lembra ao se referir à Medéia, de Eurípides. Mas mesmo no destino trágico de Medéia, que traída por Jasão resolve vingar-se matando a rival, o pai e os próprios filhos, há o germe positivo da liberação da mulher de sua eterna submissão. É uma restiazinha de esperança que afasta por algumas horas a insônia desencadeada por essa caminhada suicida e sadomasoquista – como tão bem você definiu. Porque (torço pra ser verdade) a crise gera o nascimento de novas lideranças, a solução dos problemas e a evolução da sociedade.
N – Que lições o senhor acha que nosso Brasil aprendeu e quais não parece sequer ter percebido, ao permitir que aconteça algo como a pane seca e a crise de abastecimento destes últimos dias?
J – A gênese da pane seca e da crise do desabastecimento está na maior estupidez cometida pelo ser humano: a desativação das ferrovias no Brasil, um país continental, que, por razões óbvias, deveria escoar a sua enorme produção agropecuária por linhas férreas. Segundo meu cunhado Julião Capitão, alto funcionário da Sorocabana, já falecido, o transporte por ferrovia, em alguns casos, chega a ser 100 vezes mais barato que por rodovia! Tudo começou no governo Juscelino, com a opção política pelo chamado modal rodoviário, uma decisão absolutamente equivocada, na contramão do correto desenvolvimento de países continentais. A aprovação de projetos industriais para a fabricação de caminhões e automóveis  em território brasileiro, como se sabe, só foi possível com a condição de que desativássemos as ferrovias para evitar a concorrência. Fui testemunha dessa tragédia quando gravamos na Amazônia a maravilhosa minissérie Mad Maria, do Benedito Ruy Barbosa, direção de Ricardo Waddington, sobre a desativação da Madeira-Mamoré, que nos levaria de Porto Velho a Guajará-Mirim, divisa com a Bolívia. Fomos para gravar uma história sobre uma tragédia histórica e acabamos vivenciando a tragédia. Trabalharam conosco uns 400 figurantes de Rondônia, de Abunã e outros vilarejos à margem da ferrovia desativada. Eram ribeirinhos dos afluentes e igarapés do Madeira e Mamoré, ex-fazendeiros do sul, ex-garimpeiros, camponeses, todos ligados visceralmente à história da ferrovia. Durante dois meses falamos diariamente com esses companheiros, apaixonadamente dedicados à gravação das cenas da minissérie, todas muito difíceis. Por que esse empenho e dedicação tão fora do comum entre figurantes? Porque – e aí estava a tragédia – eles não participavam de uma obra de ficção. Eles efetivamente acreditavam que reconstruíam com os atores a ferrovia à qual a vida deles continuava acorrentada mais de cem anos depois. A impressão que me deu era de que eles resgatavam de sobre os dormentes os 6 mil mortos, amigos e parentes, pais, avós, bisavós, que ali haviam perdido a vida de forma heroica e ao mesmo tempo inútil. Arrancaram os trilhos, desmontaram as locomotivas – raras obras-primas de engenharia – e venderam tudo por quilo a um negociante paulista, num ato de suprema ofensa a milhares de homens que deram sua vida em prol do “progresso e do avanço tecnológico”…

N – Seu último desempenho no teatro foi o monólogo do O Rei Lear, de William Shakespeare, adaptado pelo poeta Geraldinho Carneiro e dirigido por Elias Andreato. Se um dia o autor lhe aparecesse em sonho e lhe pedisse que sugerisse um tema para uma tragédia póstuma nestes tristes trópicos, o senhor indicaria desespero, desesperança, descrédito ou falta de rumo?
A querida e saudosa Bárbara Heliodora, nossa maior especialista em Shakespeare, cunhou uma das mais brilhantes sínteses sobre o significado universal do teatro: “O Teatro é o documentário da História”. Quando li a frase tive um insight: ao ler ou ver uma peça acabamos conhecendo a realidade do país de origem do dramaturgo que a escreveu.  Pode ser Romeu e Julieta, de Shakespeare, ou Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri. Por meio delas teremos um documentário de um pedaço da história da Inglaterra e do Brasil. Portanto, se ele me solicitasse essa sugestão hoje (quem sou eu para sugerir algo ao maior dramaturgo da História?), eu diria: senhor Shakespeare, sou seu maior fã, eu o conheço razoavelmente e sei que, independentemente do que eu opinar como tema, o senhor escreverá sobre a nossa atual FALTA DE RUMO…
Juca de Oliveira contracenando com Vida Alves, atriz que fez história no início da televisão no Brasil. Foto: Divulgação
N – Na televisão o senhor fez muitos papéis marcantes e eu tomo a liberdade de citar como tema o de João Gibão, em Saramandaia, de Dias Gomes, Ícaro envergonhado de suas asas e que por isso as esconde sob o gibão de couro. O que no Brasil evita que, diante do quadro cada vez mais trágico, o senhor tire o gibão e voe de vez em asas de avião para um lugar menos inóspito no mundo? Ou esse Xangri-Lá, na verdade, não existe?
J – Viajei razoavelmente para o exterior, como todo caipira, sempre com o objetivo de conhecer melhor as pessoas, ver as cidades, os museus, as catedrais, os palácios e, principalmente, o teatro desses países que visitei. Mas jamais tive vontade nem interesse em ir embora daqui. Adoro o Brasil, mesmo no auge de suas sucessivas crises. Sou caipira do interior, de São Roque, adoro São Roque, vivi parte da minha vida numa fazenda em Itapira, adoro Itapira, adoro a natureza, os animais, a floresta, os bichos, o florescer, o outono, a queda das folhas, o inverno, a queda dos frutos e o vingar das suas sementes. Pra dar uma ideia, na minha peça A Flor do Meu Bem Querer (modéstia à parte, um grande sucesso) uma das personagens, o Nhô Roque, genialmente feito pelo Genésio de Barros, fala com o futuro marido da sua neta, o Jacinto, que está partindo para uma viagem à Europa.  Essa fala de Nhô Roque dá a ideia de por que, pra mim, o Xangri-lá é por aqui mesmo…
Nhô Roque: Não, Jacinto, num vai pa Oropa, bobo, vai pa Itapira! Ni Itapira tudo mundo gosta docê! Sua tia Larina faiz paçoca de carne seca pocê, paçoca que ocê gosta! Fazê o que na Oropa? Lá ninguém conhece ocê, nem a língua queles fala ocê entende! Vai pa Itapira, bobo!”
N – Recentemente o senhor contracenou com Sérgio Guizé, que interpretou João Gibão no remake de Saramandaia e foi o protagonista de O Outro Lado do Paraíso, telenovela de Walcyr Carrasco, na qual o senhor interpretou um dos maiores de todos os muitos vilões da história, o superadvogado Natanael. O senhor percebe, no atual cenário político brasileiro, um jurista em quem identifique alguma coisa cuja atuação lembre aquela ficção, que fez imenso sucesso de público?
– Vários juristas. Fico curioso com o comportamento profissional de famosos advogados criminalistas cujos clientes lhes pagam honorários de até R$ 8 milhões. Natanael, o vilão, meu personagem em O Outro Lado do Paraíso, estaria entre eles, claro, se intuísse que a advocacia criminalista se tornaria tão rentável no futuro do País. E eles se multiplicaram! Antes da Lava Jato eram cerca de 40 as grandes bancas de criminalistas, concentradas em São Paulo e no Rio. Hoje esse número dobrou. O novo mercado foi esticado para Brasília e Curitiba, claro, e com o aprofundamento das investigações da Lava Jato ele emprega aproximadamente 1.200 advogados. Que crimes teriam cometido seus clientes para tão altos honorários? As acusações variam entre pagamento de propinas, evasão de divisas, caixa 2 para partidos políticos, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, crimes financeiros, corrupção, enfim. Mas, ora, se os crimes são roubos, assaltos aos cofres públicos, desfalques, os honorários dos advogados não deveriam ser devolvidos para ressarcimento da sociedade? Estudei Direito na São Francisco com os saudosíssimos Miguel Reale e Gofredo da Silva Teles, entre outros mestres inesquecíveis. Não cheguei a me formar por ter optado pela Escola de Arte Dramática, mas estudei o suficiente para saber que a maioria dos profissionais que atuam na Lava Jato seria reprovada por esses e outros mestres das Arcadas. Agora mesmo os doleiros Juca Bala e Claudio de Souza não acabam de denunciar um grande advogado por exigir propina para não denunciar clientes? O meu Natanael é um anjo de candura diante dessa turma.
Juca de Oliveira ensaiando, em 1972,  Um Edifício Chamado 200, de seu amigo Paulo Pontes, sob direção de José Renato. Foto: Arquivo/AE
N – Do alto de seus 83 anos de idade, nascido no Brasil sob os efeitos da Revolução dos Tenentes de 1930, o senhor testemunhou o putsch do Estado Novo de Getúlio em 1937, a redemocratização de 1946, o suicídio do mesmo Vargas em 1954, a renúncia de Jânio em 1961, o golpe da “redentora” de 1964, o recrudescimento da ditadura em 1968, a morte de Tancredo Neves em 1985, os impeachments de Collor em 1992 e de Dilma em 2016 e os protestos dos movimentos anárquicos de rua em 2013. A seu ver, o momento atual é tão, mais ou menos grave e importante do que esses aqui lembrados?
J – Este momento me parece o mais grave de todos. Não apenas para nós, brasileiros. O mundo está ameaçado. Veja, há uma queda geral da produtividade mundial, na qual estamos envolvidos. Também uma precária utilização das novas tecnologias nos sistemas de produção e o envelhecimento crescente da população, com a consequente diminuição na faixa dos economicamente ativos. O aumento do endividamento do País faz com que recursos que seriam usados em investimentos sejam destinados a pagar dívidas. Estamos também enfrentando mudanças climáticas, o que provoca o aquecimento global, os desastres naturais, a escassez de água e a sua contaminação no mar e em quase todos os nossos rios. No momento não estamos conseguindo sequer conter a disseminação dos agrotóxicos até mesmo nos produtos hortifrutigranjeiros.
N – O senhor foi um dos protagonistas, com Raul Cortez, do clássico do cinema novo O Caso dos Irmãos Naves, de Luiz Sérgio Person. O senhor acha que um erro judiciário tão grave como aquele e, sobretudo, a truculência do policial interpretado por Anselmo Duarte ainda ocorrem em nossos tempos? O enredo do filme não lembra episódios contemporâneos, como o massacre do Carandiru e a execução de Marielle Franco e Anderson Gomes?
J – Sim, lembra. A violência continua. Se compararmos com o erro judiciário do filme do Person, as coisas pioraram muito. O índice de assassinatos, o aumento escancarado da violência, o contrabando crescente de armas altamente sofisticadas. O domínio dos traficantes sobre várias comunidades. A impossibilidade do livre trânsito do cidadão, do trabalhador. Já não podemos sair à noite. Perdemos o direito de andar livremente. Somos reféns permanentes.
N – Leitor voraz e atento, autor, ator e espectador de teatro, cinema e televisão, ouvinte de música, qual a sua opinião sobre o atual panorama da produção da cultura nacional? Estamos nos melhores ou nos piores momentos de sua história? E quais são as perspectivas para o futuro?
J – A cultura nacional vive hoje um dos piores momentos da sua história. Mas prefiro me fixar no péssimo momento do nosso teatro. Depois de quase 60 anos como profissional de teatro concluí que o maior responsável pelo fenômeno é a Lei Rouanet,  embora os objetivos culturais da sua criação tenham sido louváveis. Não se deve dar dinheiro ao artista. O Estado deve criar condições para o desenvolvimento cultural do País, mas não dar dinheiro ao artista. O ator e a atriz ganham o seu dinheiro com a sua arte. Quanto mais próximos da perfeição chegarem, maiores serão o sucesso e a recompensa do seu público. Ele ou ela sente a recompensa quando confere o dinheiro da bilheteria em longas temporadas de até dois, três, quatro anos em cartaz. E sempre nos orgulhamos dessa independência. Porque é a independência econômica que nos garante a independência ideológica para o livre exercício da nossa arte através dos séculos. O teatro é uma atividade, uma profissão movida pela paixão. Quando alguém dá dinheiro ao ator, mata a paixão com que ele se atira à realização dos seus sonhos e projetos e o acorrenta. Se há o dinheiro da lei, não foi a paixão, não foi o resultado do seu trabalho que lhe deu o salário, que agora – isso é trágico – não vem mais da bilheteria. Nosso querido e genial Antonio Fagundes, que não faz espetáculos pela Lei Rouanet e fica anos em cartaz com suas produções, disse em recente entrevista: “Se o ator vive só de patrocínio, a bilheteria não interessa mais… Não perceberam que o teatro está morrendo”. É sabido que Shakespeare escrevia com os dois olhos na caixa registradora e foi um excepcional empresário, lotando teatros de 2 mil lugares, cinco dias por semana. Se em Stratford houvesse a Lei Rouanet, ele não teria escrito nem uma das suas 38 peças e o mundo seria infinitamente mais ignorante. Os dramaturgos em todo o mundo ganham um percentual de 10% do que arrecada a bilheteria. Como depois da Rouanet o resultado da bilheteria se tornou quase zero, espetáculos dois dias por semana, às vezes apenas um, temporadas ridiculamente curtas, não há mais estímulo para o surgimento de novos autores de teatro, os que menos ganham na era da Rouanet. E o mais incompreensível: é um fenômeno brasileiro. A Argentina, para citar um vizinho mais pobre, tem um teatro excepcional, uma verdadeira Broadway bombando seis dias por semana, com 400 peças em cartaz.
Em 2007, Juca de Oliveira falou em audiência pública para debater regras para classificação indicativa da TV no Ministério da Justiça. Foto: Ed Ferreira/AE
N – O que mais o incomoda e o que mais o senhor celebra em nosso cotidiano de agora?
J – A insegurança nas ruas é o que mais incomoda em nosso cotidiano agora. Eu caminho todos os dias. Tenho 83, velho que não anda desanda… Há pouco tempo, quando eu ia sair pra caminhar, minha mulher me advertia: “Olha, não fale no celular andando pela calçada que eles te levam o celular! Passam de bicicleta e vupt!”.  Alguns dias depois, quando estou de saída, ela novamente: “Olha, acho melhor não levar o celular porque agora eles descobrem o celular no bolso, fingem um esbarrão e te tomam”.  Bom, deixei o celular em casa e saí andando. Esta semana vem ela de novo: “Juca, acho melhor você não andar mais porque agora estão fazendo arrastão tipo ‘perdeu, mano, passa tudo’!” O negócio vai ficando difícil! Ainda bem que tenho minha mulher, que me adverte: “Olha, é mais seguro você parar o carro, no farol, atrás do carro do meio. Eles estão preferindo assaltar os carros das beiradas”… É horrível. No passado, quando acabava o espetáculo no Arena ou no TBC, todo o santo dia, lá pelas 11 da noite, trocávamos a roupa no camarim e íamos andando para o inesquecível restaurante Gigetto, ponto de encontro de todos os atores e atrizes de São Paulo e do Rio quando em excursão por aqui… Acabado o jantar, lá pelas 2, 3 horas da madrugada, em grupinhos, íamos em direção ao prédio do Estadão, comprávamos o jornal do dia seguinte com os carregadores na oficina e rumávamos para o Jeca, esquina da São João com Ipiranga, sempre andando, e lá ficávamos até as 4 da manhã bebericando um cafezinho e discutindo as notícias do jornal. … E aí voltávamos pra casa, a maioria andando… Acabou, estamos sitiados 24 horas por dia. E o que eu mais celebro é um drinque com minha mulher, minha filha, os amigos queridos e jogar conversa fora. E também os encontros com meus queridos confrades e confreiras, às quintas feiras, na Academia Paulista de Letras.
N – O que foi feito hoje dos sonhos e ilusões de seus tempos de galã de Nino, o Italianinho, de Geraldo Vietri e Walther Negrão, na Tupi, cujos últimos capítulos acompanhei ao chegar a São Paulo, em 1970?
J – Estou com 83 anos. Continuo com meus sonhos. Sonhando muito e trabalhando muito. Estou escrevendo mais uma peça de teatro e aguardando o chamado da Globo para mais um trabalho na televisão. Cheguei mais ou menos ao meio da peça, ainda tenho bastante trabalho pela frente. Terminada a peça, farei uma leitura para alguns colegas, leitura para qual você já está convidado, voltarei para o computador para reescrever até que uma das próximas leituras me satisfaça. Como nós, de teatro, sabemos, escrever é reescrever… Bom, adorei bater esse papo com você. Até.
 Inté.
Juca de Oliveira em cena com Bibi Ferreira em comédia da autoria dele, Às Favas com os Escrúpulos. Foto: Antonio Milena/AE

Por José Nêumanne, O Estado de São Paulo