Num instante em que o DEM prepara o seu reposicionamento no cenário nacional, trocando a candidatura de Rodrigo Maia ao Planalto pelo apoio a outro presidenciável, o senador Ronaldo Caiado, candidato do partido ao governo de Goiás, esclarece:
“Se o DEM optar por não ter um candidato próprio à Presidência da República, os diretórios do partido nos Estados ficarão liberados para seguir o caminho que for mais conveniente. O eventual apoio do DEM a outro candidato não vincula os Estados. Não tem nenhuma vinculação entre a posição que o partido vier a adotar nacionalmente e as campanhas estaduais. Zero. Em Goiás, nós não nacionalizamos a disputa.”
Em entrevista ao blog, Caiado explicou que esse modelo de “liberdade total para os Estados” foi decidido em reunião da Executiva nacional do partido. Ficou estabelecido que, na hipótese de desistência de Maia, cada Estado ficaria liberado para agir como bem entendesse. “Isso consta da ata da reunião da Executiva”, enfatizou. Significa dizer que um candidato a governador do DEM não está obrigado a dividir o palanque com o presidenciável que receber o apoio da legenda.
Caiado acrescentou: “Tudo fica a critério dos Estados, de acordo com as situações regionais. Se o partido fizer coligação com um candidato [ao Planalto], temos autonomia para seguir a decisão, optar por outro candidato ou realizar uma campanha autônoma, sem embarcar em nenhuma candidatura nacional. Até o momento, estou fazendo uma campanha solteira.”
Segundo Caiado, as pesquisas presidenciais realizadas em Goiás ainda não refletem um quadro real, pois incluem o nome de Lula, cuja candidatura deve ser barrada pela Lei da Ficha Limpa. Lula lidera as sondagens. Sem ele, aparece em primeiro Jair Bolsonaro. “O recall de Geraldo Alckmin não é dos maiores.” Quem exibe algum potencial de crescimento, disse o candidato a governador do DEM, é Alvaro Dias, o presidenciável do Podemos.
Caiado defende que a direção nacional do DEM protele sua decisão para o final de julho, numa data mais próxima da convenção nacional do partido, “quando o quadro da disputa nacional deve estar mais claro.” Para ele, não há razão objetiva para apressar o passo, “até porque não há uma tendência nítida nas bases do partido por um dos candidatos. No momento, o DEM negocia com Alckmin e Ciro Gomes (PDT). Mas há na legenda defensores de uma aliança com Alvaro Dias e até com Jair Bolsonaro (PSL).
Amigo de Henrique Meirelles, o goiano que se apresenta como opção presidencial do MDB, Caiado elogia a capacidade técnica do ex-ministro da Fazenda. Foi por suas mãos que Mirelles ingressou na política, filiando-se ao PFL, antiga denominação do DEM. Por interferência de Fernando Henrique Cardoso, Meirelles migrou para o PSDB, elegendo-se deputado federal em 2002. Adbicou de assumir a cadeira na Câmara ao aceitar o convite para presidir o Banco Central no governo Lula. Hoje, as chances de êxito eleitoral de Meirelles são ínfimas, avalia Caiado.
“Sempre tive amizade pelo Meirelles. É uma pessoa altamente qualificada do ponto de vista técnico e profissional. Ele esbanja conhecimentos conômicos. Mas a capacidade dele de se comunicar é reduzida. E o PMDB cobra dele a defesa do espólio de Michel Temer. Não existe chassis de caminhão capaz de carregar essa carga, muito menos o do Henrique Meirelles.”
Caiado arrematou: “Um cidadão que fosse muito popular, muito carismático, que fosse um comunicador nato não daria conta de levar esse fardo. O carisma não é a principal característica do Henrique Meirelles. E, sobre os ombros dele, querem colocar a carga do governo do Michel Temer. O resultado é uma candidatura que não está crescendo. E não vai crescer.”
Sem a opção goiana, Caiado observa a evolução das articulações nacionais com um pé atrás. Visto como melhor opção por alguns de seus correligionários, o tucano Geraldo Alckmin acomodou na coordenação de sua campanha o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, um desafeto de Caiado. O que achou?, perguntou o repórter ao candidato do DEM. E Caiado, caprichando na ironia: “Achei extremamente positivo.”
Com Blog do Josias, UOL