terça-feira, 22 de maio de 2018

Presidente da Petrobras, Pedro Parente descarta mudança na política de preços dos combustíveis


O presidente da Petrobras, Pedro Parente, evita comentar eventual queda de tributo dos combustíveis - Ailton de Freitas / Agência O Globo


Geralda Doca e Cristiane Jungblut, O Globo



O presidente da Petrobras, Pedro Parente, reafirmou, nesta terça-feira, que a política de reajuste dos combustíveis da estatal não será alterada, apesar da pressão da ala política do governo para reduzir o preço da gasolina e do diesel. Parente foi convidado a participar de uma reunião no Ministério da Fazenda sobre uma solução para o aumento dos preços, em meio a protestos dos caminhoneiros. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, defendeu na segunda-feira uma maior previsibilidade nos preços, que hoje são corrigidos diariamente, de acordo com o câmbio e a cotação internacional.

— Na abertura da reunião, logo foi esclarecida que de maneira nenhuma o governo pediria mudança na politica de preços da Petrobras, que é uma consequência dos preços internacionais e do câmbio. Portanto, a política de preços continua como estava antes, sem qualquer mudança — disse Parente, depois da reunião na Fazenda com os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia e o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco.

Parente disse que o governo está preocupado com os preços dos combustíveis e que, durante a reunião, os ministros pediram informações sobre a dinâmica do mercado, com o objetivo de discutir medidas para reduzir o custo para os consumidores, "mas não dentro do âmbito da Petrobras". Ele não quis comentar uma eventual queda de tributos, alegando que isso não era de sua alçada.

Ao ser perguntado se a redução no preço da gasolina e do diesel, anunciada pela estatal nesta terça-feira, tem alguma relação com as discussões no governo sobre o tema, respondeu que não e mencionou que a política de reajuste da Petrobras, funciona, tanto na direção de aumento, quanto de queda nos preços. Ontem, o câmbio caiu, disse Parente.

— A redução de hoje é simples de entender. Houve uma redução importante de câmbio, ontem. Essa é a prova de que política tanto funciona na direção de subir os preços, quanto de cair. O Banco Central agiu com maior intensidade, houve uma redução no câmbio ontem e isso está refletido nos preços hoje — destacou Parente.

O ministro da Fazenda disse que que não ainda há decisão sobre uma redução nos preços dos combustíveis. Ele reiterou que o espaço fiscal para reduzir tributos é reduzido.

— Não há nenhuma decisão tomada esse tema. Quando tiver alguma decisão, vamos comunicar. O espaço fiscal é muito reduzido - disse Guardia ao deixar o prédio da Fazenda, acrescentando que ia trabalhar, sem mencionar o destino.

Guardia fez questão de mencionar que o governo não pediu à Petrobras para alterar a política de reajuste da preço

O ministro fez Minas e Energia, Moreira Franco, disse que a questão está com a área econômica. Mas tanto Moreira como outros integrantes do governo disseram que não há como interferir na política de preços da Petrobras.

— Não há como mudar a política de preços da Petrobras. Mas temos que encontrar uma solução no curto prazo - disse Moreira, completando:

— A interferência na política da Petrobras seria um desastre, e não vamos cometer desastres. O preço já caiu um pouco porque o dólar caiu.

Moreira não quis falar sobre redução de impostos como saída, mas disse que é preciso dar um basta no aumento da carga tributária.

Interlocutores do governo dizem que algo será feito na questão dos combustíveis. Mas não haverá uma mudança explícita na política de preços.