quinta-feira, 17 de maio de 2018

Pesquisa presidencial com nome de Doria preocupa aliados de Alckmin


O ex-governador Geraldo Alckmin anuncia integrantes da equipe economica do seu programa de governo: Persio Arida e José Roberto Mendonça de Barros - Edilson Dantas / Agência O Globo


Silvia Amorim, O Globo



Para mostrar que sua candidatura continua firme no PSDB apesar do fraco desempenho nas pesquisa eleitorais, o pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin começou nesta quinta-feira a apresentar as equipes temáticas que formularão seu programa de governo. 

Há um esforço para dar ares de normalidade à campanha, mas auxiliares do tucano não descartam novas "tempestades" nos próximos dias. O ex-prefeito João Doria (PSDB), pré-candidato ao governo de São Paulo, voltou a entrar em sondagens eleitorais e isso colocou a campanha tucana em alerta.

Pesquisa registrada na Justiça Eleitoral pelo Instituto Ipsos na última quarta-feira vai medir a aprovação e o grau de conhecimento de Doria e Alckmin, entre outros presidenciáveis e pessoas que sequer são filiadas a partidos políticos, como os ministros do Supremo Gilmar Mendes e Cármen Lúcia e o juiz Sergio Moro. A divulgação está prevista para terça-feira. 


Pelo menos desde março, o ex-prefeito de São Paulo não aparecia em levantamentos eleitorais por causa da indicação dele para a sucessão estadual.

Preocupa a equipe de Alckmin que isso se repita em outras pesquisas. A depender da performance de Doria, a situação acentuaria a desconfiança que vem enfrentando a candidatura do tucano dentro e fora do PSDB.

O levantamento divulgado esta semana pelo CNT/MDA e que apontou uma queda da intenção de voto em Alckmin entre março e maio — de 8,6% para 5,3% — fez ressurgir especulações de uma substituição do seu nome. Doria seria um dos cotados à vaga.

O entorno do presidenciável tucano diz que não passam de rumores. O próprio Doria saiu em defesa de Alckmin na quarta-feira dizendo que ele ainda crescerá nas pesquisas quando as articulações por apoios estiverem encerradas e a campanha começar.
Alckmin adotou o mesmo discurso:

— Tem que crescer na hora certa. Eleição é daqui cinco meses.

Nos bastidores, o time alckmista reclama de um certo abandono da campanha dele pelas lideranças do PSDB. Nessa semana, ele tornou-se alvo mais uma vez do noticiário ligado à Lava-Jato e, na avaliação de auxiliares mais próximos, nem aliados de primeira hora foram a público defender o pré-candidato.

— Parece que ele é candidato de si mesmo — desabafou um desses colaboradores.

Na semana passada, um inquérito que apura na esfera cível um suposto recebimento por Alckmin de doação irregular da Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014 foi retirado das mãos do promotor de Justiça que investigava o caso pelo procurador-geral da Justiça, Gianpaolo Smanio. Na ocasião, o chefe do MP paulista defendeu que Alckmin teria foro privilegiado, embora ele tivesse deixado o cargo de governador para disputar a eleição.

Depois de quase uma semana de repercussão negativa — Alckmin está sendo bombardeado nas redes sociais acusado de influência sobre o Ministério Público — Smanio devolveu o caso à promotoria de origem.

O ex-governador tem recebido críticas de colegas de partido que acham que ele deveria investir mais seu tempo na pré-campanha em exposição midiática e viagens pelo país. 

Essa semana, o tucano esteve apenas em Brasília para uma reunião com o partido e nesta sexta estará em Poços de Caldas (MG).

DÉFICIT FISCAL ZERO

Em tempos difíceis, Alckmin tenta produzir fatos políticos, como o anúncio de experts para a formulação de seu programa de governo acontecerá a conta-gotas e por temas. Nesta quinta, ele apresentou três nomes que formarão a equipe econômica chefiada por Persio Arida. Na semana que vem, serão apresentados integrantes dos grupos de Segurança Pública e Educação.

Mais dois figurões que trabalharam no Plano Real vão compor o time econômico tucano — Edmar Bacha e José Roberto Mendonça de Barros. O terceiro nome apresentado foi o de Alexandre Mendonça de Barros, filho de José Roberto e especialista em agronegócio.

Em São Paulo, o pré-candidato lançou novas promessas para a área econômica: zerar o déficit fiscal de R$ 136 bilhões nos primeiros dois anos de governo e aumentar em 50% as exportações e exportações a “longo prazo”.

Persio aproveitou a oportunidade para explicar melhor a proposta que vem sendo repetida pelo pré-candidato nas últimas semanas.

— Dobrar a renda do brasileiro não é algo que se consegue em um ano nem em um mandato nem em dois — afirmou o coordenador do plano econômico alckmista.