sábado, 19 de maio de 2018

'Não há espaço para espertezas, ardis e trapaças', diz Dodge ao pedir rescisão da delação da JBS


O empresário Wesley Batista presta depoimento na CPMI da JBS - Jorge William / Agência O Globo


O Globo


A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, voltou a pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a rescisão dos acordos de colaboração premiada do empresário Wesley Batista, um dos donos do grupo J&F, e do advogado Francisco de Assis e Silva. Segundo a petição, enviada ao ministro Edson Fachin, relator do caso, no acordo entre a PGR e delatores "não há espaço para espertezas, ardis e trapaças". Ela ainda criticou o ex-procurador Marcelo Muller, cujas atitudes ela classificou como "conduta gravíssima, de extrema deslealdade e má fé". Fachin vai analisar os argumentos de Dodge e das defesas dos delatores antes de decidir se acata o pedido. As informações são da TV Globo.

De acordo com a procuradora-geral da República, os delatores omitiram fatos criminosos das autoridades. Para ela, "não há atitude mais desleal à Justiça penal". Em áudios enviados por engano ao Ministério Público Federal (MPF), os delatores relatam o auxílio que tiveram de Muller nas negociações da delação, antes mesmo do então procurador deixar os quadros do MPF. Antecessor de Dodge na PGR, Rodrigo Janot já havia pedido a rescisão do acordo em setembro de 2017, antes de deixar o cargo.

Junto com a petição, Dodge enviou a Fachin todo o processo relativo à delação premiada da JBS, que já tem mais de 2,7 mil páginas. Ela argumentou que, apesar dos desvios dos delatores, as provas apresentadas por eles são válidas e podem ser usadas em processos atuais e futuros mesmo que o acordo seja desfeito. Não há prazo para que o ministro Edson Fachin decida sobre o caso.