quinta-feira, 17 de maio de 2018

Dólar sobe e bate os R$ 3,70, mesmo após o Copom segurar juros


A moeda oficial dos EUA iniciou a manhã de quinta-feira em queda - Dado Ruvic / Reuters


Ana Paula Ribeiro, O Globo


Os investidores tentam digerir a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic a 6,5% ao ano. Além disso, ainda enfrentam um novo dia de recorde no preço do barril do petróleo e ao aumento dos juros nos Estados Unidos. Em meio a isso, O Ibovespa, principal índice de ações local, recua 2,84%, aos 84.081 pontos. O dólar comercial, após abrir em queda, ultrapassou R$ 3,70. A máxima chegou a R$ 3,172, o maior patamar desde abril de 2016. A moeda americana é cotada agora a R$ 3,705, valorização de 0,76% ante o real.

Na avaliação de Jefferson Luiz Rugik, analista da Correparti Corretora de Câmbio, o Copom, ao decidir pela manutenção, indicou que está atento ao patamar do dólar. Isso influenciou a queda na abertura dos negócios. No entanto, dado o cenário externor, há uma pressão de alta. 

- É muito cedo para dizer que o dólar aqui mudou de tendência. Para que isso aconteça, o exterior tem que ajudar, asssim como nosso cenário eleitora, que segue turvo - avaliou.
Com a manutenção dos juros em 6,5% ao ano, fica menor o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos o que, em tese, minimiza a perda de atratividade de investir no Brasil em momento de alta de juros no mercado americano. No entanto, a volatilidade no mercado de câmbio está elevada porque, na interpretação dos investidores, o BC tinha sinalizado para um corte dos juros.



E o exterior hoje aponta para um novo dia de alta volatilidade. Os títulos do Tesouro americano, as treasuries, voltam a subir. O rendimento desses papéis de dez anos está a 3,10% ao ano, valorização que ocorre como consequência dos dados mais fortes da economia americana.

No mercado acionário, as principais ações operam em queda. Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora, explica que essa desvalorização é justificada pela reunião de ontem, do Copom, que manteve os juros enquanto o mercado apostava em um corte de 0,25 ponto percenual. 

- O mercado está se ajustando. Temos quedas fortes no setor de serviços financeiros, comércio e varejo, que são influenciados pelo custo do crédito - disse.

Os bancos, de maior peso no índice, têm recuos signfiicativos. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 4,08% e 3,57%. No caso do Banco do Brasil, a desvalorização é de 4,38%.

A maior queda, no entanto, é registrada pelos papéis da Via Varejo, que despencam 6,30%.

Já no caso da Petrobras, as ações recuam mesom com a alta do preço do petróleo. O tipo Brent se aproxima dos US$ 80, maior patamar em cerca de quatro anos. O barril era negociado a US$ 79,72, uma alta de 0,55%. As preferenciais (PNs, sem direito a voto) da estatal caem 2,77%, cotadas a R$ 26,63, e as ordinárias recuam 2,49%, a R$ 30,84. Os investidores esperavam para hoje a decisão em relação à cessão onerosa da estatal, pelo qual a empresa adquiriu o direito de explorar cinco bilhões de barris de petróleo da camada pré-sal. No entanto, o acordo deve ficar para a semana que vem.

No caso da Vale, o tombo é de 1,23%.