quarta-feira, 26 de abril de 2017

Carta de alunos do Santa Cruz, tradicional instituição de ensino de São Paulo, rebate professores sobre reforma


Veja


Entrada do Colégio Santa Cruz, em Pinheiros
Entrada do Colégio Santa Cruz, em Pinheiros (Alexandre Schneider/VEJA)
Carta de um grupo de alunos do Colégio Santa Cruz, tradicional instituição de ensino de São Paulo, rebate o manifesto divulgado pelos professores do estabelecimento. Os docentes do colégio decidiram aderir à paralisação de sexta-feira em protesto contra as reformas da Previdência e trabalhista, enviadas pelo presidente Michel Temer ao Congresso.
Na carta aberta, que circula nas redes sociais e grupos de mensagens, os alunos dizem respeitar os professores e reconhecem o direito deles à greve e à livre manifestação de ideias. No entanto, os alunos rebatem o posicionamento dos professores em relação à reforma da Previdência. O colégio confirma que a carta é de seus alunos.
“Não nos enganemos; ir contra a reforma da Previdência é também defender que um funcionário público continue recebendo em média três vezes mais do que um trabalhador regular (Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados), e que a média de aposentadoria no Judiciário, de 25.700 reais, não seja alterada”, afirma a carta atribuída aos alunos do Santa Cruz.
No documento, os alunos dizem ainda que a “a posição defendida pelos professores falha em apresentar embasamento técnico e econômico”. “Defender políticas públicas pautadas em ideais de ‘justiça’ e ‘defesa dos mais pobres’ é meio caminho andado para a irresponsabilidade fiscal. Essa irresponsabilidade fiscal, muito presente nos governos da ex-presidente Dilma, gera inflação, que pune majoritariamente os menos favorecidos.”
Para os professores, segundo a carta aberta que distribuíram, “as medidas propostas nos âmbitos do trabalho e da seguridade social irão acentuar sistemas já excludentes”. “Somente um projeto que torne a previdência social e a legislação trabalhista mais inclusivas e justas, que abrace aqueles que hoje se encontram sem qualquer proteção do Estado, poderá contar com apoio de quem quer diminuir a desigualdade no país”, disseram os docentes.
Em nota, o colégio informa que os professores decidiram em assembleia aderir à paralisação geral convocada para o dia 28. “Apesar de não apoiarmos a decisão, resguardamos o direito constitucional à greve. Programaremos a reposição das atividades previstas para esse dia, em que as aulas serão suspensas.”
Diferentemente de outras greves, professores de escolas particulares aderiram à paralisação geral de sexta-feira. Essa decisão surpreendeu pais de outras instituições, como o Colégio São Luiz.
Já o sindicato das escolas se diz a favor das reformas, que “devem ser implementadas para colaborar com o desenvolvimento do país”.
“O movimento é apenas uma manifestação da CUT e seus sindicatos afiliados em defesa de seus interesses e causas políticas. Os professores da rede particular de ensino que se posicionarem a favor do movimento poderão ter seu dia de trabalho descontado da folha de pagamento”, informa o Sieeesp em seu site.
O presidente da Sieeesp, Benjamin Ribeiro, finaliza o comunicado dizendo que um posicionamento contrário ao do sindicato fica sob responsabilidade dos estabelecimentos de ensino.