Por Claudio Julio Tognolli
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Enivaldo Quadrado, réus na Ação Penal 470 — o processo do mensalão —, voltaram a ser condenados à prisão nesta quinta-feira (2/3), envolvidos agora na operação “lava jato”. O juiz federal Sergio Fernando Moro considerou que eles e mais três pessoas participaram de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo empréstimo de R$ 12 milhões junto ao banco Schahin, em nome do ex-pecuarista José Carlos Bumlai.
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A 27ª fase foi deflagrada em abril do ano passado ano e ainda tinha como réus o ex-secretário geral do PT, Silvio Pereira. Esta etapa investiga os beneficiários do empréstimo de R$ 12 milhões feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin. Refere o MPF: Ronan Maria Pinto, empresário dono do jornal Diário do Grande ABC, recebeu R$ 6 milhões do esquema de corrupção na Petrobras. A quantia, conforme o MPF, foi repassada por meio de um empréstimo de R$ 12 milhões feito pelo pecuarista José Carlos Bumlai junto ao Banco Schahin. Deste total, os outros R$ 6 milhões foram destinados a campanhas eleitorais com apoio do PT.
Enivaldo Quadrado foi personagem de meu livro com Romeu Tuma Jr, "Assassinato de Reputações 2: muito além da Lava Jato, publicado em maio de 2016 pela Editora Matrix.
Lembrando: Em 2012, Marcos Valério, o operador do mensalão, prestou um depoimento em que revelou pela primeira vez que o pecuarista José Carlos Bumlai havia intermediado um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin para, com metade deste valor, conseguir comprar o silêncio do empresário de transportes, Ronan Maria Pinto. Segundo Valério, Ronan ameaçou envolver o ex-presidente Lula, e os ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho no assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Valério tentava um acordo de delação premiada e disse ainda que, como contrapartida ao empréstimo a Bumlai, a Schahin foi recompensada com contratos bilionários na Petrobras. . Em dezembro de 2015, depois de ser preso, Bumlai confessou o esquema. O livro Assassinato de Reputações II – muito além da Lava Jato – traz o contrato da transferência de R$ 6 milhões a Ronan, em 2004. Ele prova que a operação clandestina narrada por Valério e confirmada por Bumlai de fato ocorreu.
A documentação foi remetida à PF pela ex-contadora de Youssef Meire Poza. De acordo com a secretária de Alberto Youssef, quem lhe entregou o material foi Enivaldo Quadrado, braço-direito do doleiro. “O Enivaldo pediu para que eu guardasse como se fosse a minha vida, pois era o seguro dele contra o Lula”.
O que falta disso a ser apurado?
Os envolvidos sabiam sobre a morte de Celso Daniel e que valeria tantos milhões?
Eis o que a assessoria de Ronan acaba de remeter ao TopBuzz:
“Não concordamos com a decisão proferida e estaremos recorrendo perante os Tribunais superiores”.
Fernando José da Costa, advogado de defesa de Ronan Maria Pinto
Ficam as perguntas:
E o bilhete que Meire entregou à PF, em que Youssef nomeia, com sua letra, suposto pagamento a Dilma?
Reproduzo o trecho do livro em que Tuma Jr explica o episódio no livro:
Personagem essa, que reputo uma das mais importantes, no sentido de abrir os olhos dos investigadores para saberem com o que de fato tinham se deparado após a PF e o Governo terem se omitido em investigar, tudo isso já denunciado por ela mesma em 2012, sobre o inconfessável pretexto, julgo eu e o jornalista Tognolli, de que esse escândalo auto puniria o próprio governo as vésperas do pleito eleitoral que reelegeu Dilma Rousseff.
Meire Poza se converteu, digamos, no mata-borrão a absorver, com fotos, fitas, gravações, mídias digitais, todo o esquema de brutal corrupção ora devassado pela Operação Lava Jato. As provas e testemunhos por ela trazidos, a catapultaram a singular condição de ter sua história fixada nesta obra. É por isso que por ela se iniciam estas linhas. O fito que a levou a ser uma mistura de protagonista e maior colaboradora da Lava Jato é antes de mais nada, um ato de contrição. Mais a frente, sua conjetura a leva a crer que era, ali, um ato também de fé.
Em 25 de janeiro de 2015 a Justiça condenou o empresário Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, pela participação em um esquema criminoso de cobrança de propina de empresas de transportes contratadas pela prefeitura de Santo André, no ABC, durante a gestão do então prefeito Celso Daniel (PT), de 1997 a 2002. O prefeito foi assassinado a tiros em janeiro de 2002. Além de Sombra, que prestava serviços a Daniel, foram condenados por corrupção o também empresário Ronan Maria Pinto e o ex-secretário de Serviços Municipais da cidade, Klinger Luiz de Oliveira Sousa.
Ao se referir a Ronan, a juíza Maria Lucinda o descreve como “empresário bem sucedido, formador de opinião”, mas que transgrediu “regra básica de conduta”, mostrando “personalidade dissimulada”. Segundo ela, “são pessoas como Ronan que, não obstante devessem servir de exemplo e tivessem plena consciência do ilícito que praticavam, alimentam o pensamento coletivo que admite o ilícito como algo natural, o que faz desmoronar a imagem do Brasil como país sério.”
Essa parte da sentença, convenhamos, já poderia vir tipograficamente impressa nos papéis timbrados do Poder Judiciário onde outras tantas decisões foram, tem sido, e serão lavradas, aliás serve também de chamamento moral e a responsabilidade de inúmeros ocupantes de cargos públicos da mais alta instância de poder no país, especialmente, nos últimos anos e dias atuais.
Ronan Maria Pinto, foi apontado como beneficiário de R$ 6 milhões por supostamente ter chantageado o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2004. O documento que prova tal extorsão foi entregue pessoalmente por Meire à Força Tarefa da Lava Jato. Mais à frente, nesta obra, você verá os detalhes inéditos dessa suposta extorsão.
Hoje está muito claro que o elo perdido, ou a peça que faltava nesse quebra cabeça foi encontrado quando Ronan ameaça ou como dizem, prepara uma pretensa extorsão em cima de Lula, sob ameaça de contar a verdadeira história de Celso Daniel. Isso nada mais é do que uma ameaça de fazer uma delação do que, de fato, acontecia em Santo André. Trata-se, nada mais nada menos, que uma reprodução do que acontece hoje na República, ou seja: o PT através do próprio prefeito criou o esquema de arrecadação de propina na prefeitura a beneficiar aliados e ao seu partido. Fazendo uso de parceiros ou comparsas no melhor linguajar, formando um clube corleônico com empresários pré escolhidos, alguns até concebidos, para achacar outros empresários –e fazer uma arrecadação que implicava o bolso daqueles que estavam envolvidos na organização criminosa e também injetava recursos nos cofres partidários, ora como caixa dois, ora como doações oficiais. Buscavam, com isso, financiar o partido, as ações de partido e as campanhas eleitorais para que o partido pudesse alcançar o poder maior que era a República do Brasil, também uma representativa bancada ou mesmo uma grande bancada capaz de dominar o parlamento para dar guarida às ações do executivo e ainda se preciso, naquele momento, galgar o Governo do Estado de São Paulo, como primeiro passo para se atingir o Poder Central.
Em determinado momento, eles, os empresários capangas, sentindo que esse algo se aproximava e que isso seria possível… perceberam que quando o PT chegasse ao centro poder maior, ao governo do Brasil, eles seriam alijados, trocados por empresários maiores, interesses muito mais gananciosos e, assim, agiram para seguir junto à organização criminosa. Não admitiam ser descartados depois de tantos riscos, serviços sujos e recursos injetados para viabilizar aquele projeto de poder. Com isso, planejaram um sequestro para se firmar e se posicionar na organização e também mandar um recado: “até hoje somos nós que bancamos a conta desse investimento e queremos receber os dividendos da nova empresa”.
Aliás, parece não ter sido só Ronan a cobrar a fatura, pois uma das Advogadas de Sérgio Sombra, Maria Esther Miwa Neves, a qual dizem que também trata-se de sua ex-mulher, e suspeita-se ser a tal namorada referida por Dionísio Severo quando foi por mim preso e interrogado, é funcionária da Assembleia Legislativa de São Paulo na quota do PT, ao menos desde 2003, sendo que desde 17 de março de 2008 é lotada como assessora técnica de gabinete na primeira secretaria da Casa Legislativa e, ao que parece, até a chegada dessa obra nas livrarias, poderá estar no Tribunal de Contas do Estado, para não chamar a atenção. Dizem, nos corredores do Palácio 9 de Julho, que sua contratação é parte de um acordo para que ela se mantenha como sombra do Sombra, e não conte o que sabe.