NATAL — O governo do Rio Grande do Norte confirmou, na noite deste domingo, que 26 presos foram mortos durante rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal. O número foi corrigido, já que antes havia sido informado que 27 haviam morrido. Porém, uma vítima foi contabilizada duas vezes.
O secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, Wallber Virgolino, disse que é possível que mais corpos sejam encontrados dentro do presídio.
— Não descartamos nenhuma possibilidade, as buscas continuarão amanhã — afirmou Virgolino em entrevista coletiva na noite deste domingo.
De acordo com Marcos Brandão, diretor do Itep, quase todos os mortos foram decapitados. Antes, durante a entrevista coletiva, ele havia dito que todos os mortos haviam sido decapitados, mas voltou atrás. Ainda segundo Brandão, dois corpos estão carbonizados.
O reconhecimento das vítimas foi suspenso durante a noite por falta de informações sobre os nomes dos presos de Alcaçuz. Nenhuma autópsia foi realizada. Segundo Brandão, o trabalho da perícia pode levar até 30 dias para ser concluído. O governo estadual ainda não divulgou a lista com os nomes das vítimas e nem informou quando isso vai ocorrer.
Mais cedo, o Itep havia informado que o número de mortes chegava a 30. Pela manhã, Virgolino informou que eram pelo menos 15 mortos dentro da unidade prisional. A rebelião, que começou na tarde de sábado, é considerada por Virgolino como " a pior crise do sistema penitenciário do Rio Grande do Norte em termos de mortes". Nove presos feridos no motim foram levados a um hospital na região metropolitana para receber atendimento médico.

MORTOS ERAM DA MESMA FACÇÃO
Segundo Virgolino, a segurança em Alcaçuz é "muito frágil" e o policiamento foi reforçado para que não haja fugas da unidade. O secretário também confirmou que todos os mortos eram integrantes da facção criminosa Sindicato do RN, rival do Primeiro Comando da Capital (PCC). Porém, ele não confirma que as mortes tenham sido uma retaliação ao massacre ocorrido em presídio de Manaus, onde 56 presos do PCC foram mortos por facção local, a Família do Norte.
Pela manhã, Virgolino disse que foram identificados seis presos que comandaram a rebelião. Eles serão transferidos, afirmou. À noite, a Polícia Civil informou que seis presos prestarão depoimento a uma comissão especiais de delegados na Divisão de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Equipes de delegados da DHPP e 15 homens fizeram a perícia nos locais dos crimes. A Polícia Militar continua com o patrulhamento externo, com o helicóptero Potiguar 01, com o Batalhão de Choque e Batalhão de Operações Especiais (BOPE) fazendo a contenção e recontagem dos presos e na intensificação do trabalho nas guaritas da unidade. De acordo com o secretário da Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed), Caio Bezerra, foi pedida ajuda ao Governo Federal para que o efetivo da Força Nacional no Rio Grande do Norte aumente, atualmente 60 oficias da estão no RN.
REBELIÃO CONTROLADA APÓS 14 HORAS
A rebelião foi controlada após pouco mais de 14 horas. Os detentos iniciaram o motim às 17h de sábado (horário local, 18h em Brasília) e se renderam depois que a Tropa de Choque da Polícia Militar entrou nos pavilhões, na manhã de domingo. Segundo a secretaria de Segurança, não houve troca de tiros.
De acordo com Virgolino, os presos cortaram fios de eletricidade da penitenciária no início da rebelião. A unidade ficou sem energia e os bloqueadores de sinal de celular pararam de funcionar. Os equipamentos funcionavam desde o início de dezembro de 2016. Com o fim do bloqueio, os detentos puderam compartilhar vídeos do massacre de dentro da unidade.
Eles também entraram em contato com as famílias. Pela manhã, o secretário disse que um preso conseguiu fugir, mas foi recapturado.