sexta-feira, 1 de abril de 2016

Lava Jato: organização criminosa une petrolão, mensalão e Celso Daniel. É a quadrilha comandada pela dupla Lula-Dilma

Diego Escosteguy - Epoca

O mensalão, o petrolão e a extorsão do PT no caso de Santo André constituem atividades praticadas, segundo investigadores da Lava Jato, pela mesma organização



Coletiva de imprensa na Sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba nesta sexta-feira (1º). Foi deflagrada a 27ª fase da Operação Lava Jato batizada de Operação Carbono 14 (Foto:  Rodolfo Buhrer / La Imagem / Fotoarena / Ag. O Globo)


A 27ª fase da Operação Lava Jato – que culminou nas prisões temporárias de Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT, e Ronan Mario Pinto, empresário dos setores de comunicação, transporte e coleta de lixo, além de dez outros mandados judiciais de condução coercitiva e busca e apreensão – demonstra o alcance e a gravidade dos atos imputados por investigadores à organização criminosa controlada, segundo as provas do caso, pelo Palácio do Planalto de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.

As evidências bancárias e testemunhais, hoje, unem petrolão, mensalão e Santo André, no esquema de corrupção local que foi seguido pelo ainda não esclarecido assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), em 2002. O mensalão, o petrolão e a extorsão do PT no caso de Santo André constituem atividades praticadas, na visão dos investigadores da Lava Jato, pela mesma organização criminosa. Foi o caminho documental do dinheiro do petrolão - o uso da propina para calar chantagistas - que levou a Lava Jato a Santo André.

É pelos objetivos e pelas necessidades dessa organização criminosa que se confirmam provas que unem Santo André, mensalão e petrolão. Há indícios de longa continuidade delitiva por parte de uma sofisticada organização criminosa, na visão do Ministério Público Federal. Isso significa que um mesmo grupo de pessoas cometeu, por muitos anos e especialmente no topo do aparelho estatal, uma longa e variada lista de crimes, destinados ao lucro político e econômico - e à manutenção, por necessidade existencial, desse mesmo grupo no comando do poder.

A longa continuidade delitiva, associada à cadeia de comando bem definida e com divisão clara de tarefas, entre outros pontos, caracteriza o crime organizado. A criminologia ajuda a entender por que um mesmo grupo é acusado de ter cometidos tantos e variados crimes no decorrer de muitos anos - e explica como a força-tarefa da Lava Jato pensa, investiga e analisa fatos criminosos aparentemente distantes uns dos outros. É por isso, também, que personagens como Delúbio Soares, Silvio Pereira, Marcos Valério (que entregou o caso de extorsão) e o operador José Carlos Bumlai, amigo de Lula, aparecem em fatos criminosos que, na superfície, nada têm a ver entre si.

As evidências obtidas pela Lava Jato ligam o dinheiro do petrolão e do mensalão às dívidas políticas do PT na cidade. As propinas financiaram atividades ilícitas do partido. Graças à admissão de Bumlai, a Lava Jato já tem provas de que dinheiro do petrolão bancou a chantagem de um dos homens de Santo André. As provas mais contundentes de hoje, porém, são os documentos bancários. Eles comprovam que dinheiro do grupo Schahin passou por Bumlai e chegou ao empresário Ronan (link) .Essa é a avaliação da Lava Jato.

Por que dinheiro do petrolão foi repassado pelo amigo de Lula ao empresário Ronan, como está provado? Extorsão, segundo os depoimentos de Bumlai e de Marcos Valério, além da delação de um dos donos da Schahin - grupo que ganhou contrato bilionário, de maneira fraudulenta, na Petrobras .Esses depoimentos explicam muito, mas não contam tudo. Daí a necessidade das investigações deflagradas hoje pela Lava Jato.

A Lava Jato espera que Silvio Pereira, que se afastou do PT após seu envolvimento no mensalão, disponha-se a esclarecer a extorsão em Santo André ligada a Celso Daniel. Silvinho, como ele é conhecido, era da cúpula do PT e executava ordens do Planalto na época dos crimes investigados. Há múltiplas ramificações e áreas de atuação da organização criminosa sendo investigadas, com base em evidências documentais e testemunhais.Alguns dos crimes – corrupção, lavagem de dinheiro, extorsão e falsidade ideológica – remontam a 2004, 2005 e 2006, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando o petrolão iniciava. Antes do governo Lula, apontam as provas, havia corrupção na Petrobras. As evidências colhidas pela Lava Jato, no entanto, demonstram que a criação de uma organização criminosa aconteceu somente após a posse de Lula e o subsequente aparamento da estatal entre PT, PMDB e PP.