domingo, 20 de março de 2016

Obama chega a Havana horas após detenção de opositores cubanos

O presidente Barack Obama desembarca do Air Force One acompanhado da primeira-dama Michelle Obama, à esquerda, e as filhas Sasha, na frente à direita, e Malia, no aeroporto de Havana, em Cuba Foto: Pablo Martinez Monsivais / AP
O presidente Barack Obama desembarca do Air Force One acompanhado da primeira-dama Michelle Obama, à esquerda, e as filhas Sasha, na frente à direita, e Malia, no aeroporto de Havana, em Cuba - Pablo Martinez Monsivais / AP
Henrique Gomes Batista - O Globo com agências internacionais



HAVANA — O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chegou a Cuba neste domingo para uma visita histórica, horas após a detenção de dezenas de ativistas opositores do regime em Havana. Viajando com a primeira-dama Michelle Obama, suas filhas, Sasha e Malia, e a mãe de Michelle, o líder americano inaugura um novo capítulo nas relações com o governo comunista da ilha, após décadas de animosidade entre os dois velhos inimigos da Guerra Fria. É o primeiro presidente americano a visitar a ilha em 88 anos.

A bordo do Air Force One, Obama desembarcou no aeroporto internacional de José Martí às 16h20 (17h20 no Rio). Ele foi recebido pelo ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez.


Assim que o jato presidencial americano aterrissou, Obama postou uma mensagem em sua página do Twitter.

"Como vai, Cuba? Acabei de desembarcar aqui, quero encontrar e escutar diretamente o povo cubano."
Sob forte chuva na capital cubana, Obama seguiu do aeroporto para a embaixada americana. Depois, ele tem previsto fazer turismo, conhecendo os famosos pontos turísticos da Havana Velha.

Serão três dias de atividades, que incluem reuniões com o arcebispo local (fundamental na reaproximação dos dois países), com o presidente Raúl Castro, líderes da oposição e empreeendedores. Obama também deve fazer um discurso e participar de uma partida de beisebol.

A viagem representa o ápice de uma abertura diplomática anunciada por Obama e por Raúl Castro em dezembro de 2014, pondo fim ao afastamento dos tempos de Guerra Fria que começou quando a revolução cubana destituiu o governo pró-EUA em 1959.

Assim que o jato presidencial americano aterrissou, Obama postou uma mensagem em sua página do Twitter.

"Como vai, Cuba? Acabei de desembarcar aqui, quero encontrar e escutar diretamente o povo cubano."
Sob forte chuva na capital cubana, Obama seguiu do aeroporto para a embaixada americana. Depois, ele tem previsto fazer turismo, conhecendo os famosos pontos turísticos da Havana Velha.

Serão três dias de atividades, que incluem reuniões com o arcebispo local (fundamental na reaproximação dos dois países), com o presidente Raúl Castro, líderes da oposição e empreeendedores. Obama também deve fazer um discurso e participar de uma partida de beisebol.

A viagem representa o ápice de uma abertura diplomática anunciada por Obama e por Raúl Castro em dezembro de 2014, pondo fim ao afastamento dos tempos de Guerra Fria que começou quando a revolução cubana destituiu o governo pró-EUA em 1959.


DAMAS DE BRANCO SÃO DETIDAS EM PROTESTO

Cerca de cinco horas antes da chegada do presidente, o governo cubano prendeu manifestantes que protestavam contra o regime castrista. Todas as Damas de Branco, grupo de senhoras que manifestam pela libertação de presos políticos, foram detidas após uma missa neste domingo. No fim de seu protesto silencioso, as mulheres encontraram com grandes grupos de simpatizantes do regime aos gritos de "Fidel!, Fidel!" e com a polícia. 

Após a dentenção das ativistas, toda a confusão terminou em uma grande show de salsa. 

Em torno de 50 "damas" foram presas.

Os objetivos de Obama são dois: encontrar o povo cubano e consolidar a nova relação com Raúl Castro, mais um episódio da reaproximação iniciada em dezembro de 2014.

A visita, que se estenderá até terça-feira, quando Obama viajará para a Argentina, também servirá para que o presidente americano reforce a imagem de um Estados Unidos diferente à de um país que por décadas promoveu intervenções e considerou a América Latina seu quintal.

E no último ano de seu segundo mandato, Obama quer se assegurar de que seus avanços em Cuba não revertam, independentemente de quem for a assumir a Casa Branca no próximo ano.

Obama, que também se reunirá com dissidentes e atores da vida econômica, fará na terça-feira um discurso a todos os cubanos através da rádio e da televisão, como em 17 de dezembro de 2014, quando anunciou a partir da Casa Branca a aproximação entre os dois países hostis.


Sentadas no chão, ativistas do grupo “Damas de Branco” tentaram resistir à prisão - ADALBERTO ROQUE / AFP



IMPACTO NA COMUNIDADE AFROCUBANA


A chegada do primeiro presidente negro dos Estados Unidos — 30 anos mais jovem que Raúl Castro — também terá um impacto particular no seio da comunidade afrocubana, notoriamente subrepresentada entre a elite política cubana.

A aposta da Casa Branca é estabelecer vínculos suficientes, apesar do embargo econômico que o Congresso se nega por enquanto a revogar.

— Queremos que este processo de normalização seja irreversível — destacou Ben Rhodes, que insiste no impacto das políticas já empreendidas: facilitação das viagens, flexibilização das restrições comerciais.

Aos que o criticam por não ter conseguido concessões reais por parte do regime castrista, em particular em matéria de direitos humanos, o presidente americano promete discussões francas, reconhece que as mudanças levarão tempo e insiste na necessidade de romper com o isolamento, que considera estéril.

Durante o restabelecimento das relações diplomáticas no verão de 2015, Obama lembrou - para destacar o caráter anacrônico da política em vigor - que elas foram suspensas por Dwight Eisenhower em 1961, no ano em que ele nasceu.