sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Morre Jacques Rivette, expoente da Nouvelle Vague


O cineasta Jacques Rivette em foto de 2009 - DAMIEN MEYER / AFP


O Globo


Diretor, que também editou a ‘Cahiers du Cinèma’, tinha 87 anos e sofria de Alzheimer


O diretor Jacques Rivette, um dos maiores expoentes da Nouvelle Vague, entre os anos 1950 e 1960, morreu aos 87 anos. O veterano cineasta francês sofria de Alzheimer havia alguns anos. Apesar de não ser tão conhecido quanto os colegas de movimento, seu trabalho teve impacto significante sobre o cinema francês.

Nascido em Rouen, na França, em 1953, Rivette se juntou a François Truffaut, Eric Rohmer e Claude Chabrol como escritor na influente revista "Cahiers du Cinéma". Assim como os colegas, acabou se dedicando a fazer filmes.

Sua estreia foi com "Paris nos pertence", em 1961, um sucesso de crítica. Apesar de ter se tornado cineasta, Rivette não abandonou a importante revista, mantendo-se como crítico e, posteriormente, assumindo o cargo de editor, em 1963.

Sob seu comando, a "Cahiers du Cinéma" tornou-se mais engajada politicamente, refletindo as inclinações marxistas de seu diretor. Rivette permaneceu na direção da revista até 1965, voltando ao ofício de fazer filmes. Mais tarde, declarou: "Nunca me considerei um crítico. Meus textos tinham mais a ver com o desejo de fazer um filme".

Seu segundo longa-metragem, de uma lista de mais de 25, foi "A religiosa", em 1966, estrelado por Anna Karina como uma mulher tentando escapar de uma vida oprimida em um convento. Com a polêmica gerada pelo tema, o filme foi banido até 1967. Na sequência, rodou "L'amour fou", lançado em 1969.

Rivette então começou a adotar uma das caraterísticas pelo qual seu cinema ficou conhecido: a duração de seus filmes. "Out 1: Spectre", de 1972, tem 770 minutos (ou quase 13 horas de duração), enquanto a versão "encurtada" teve "apenas" quatro horas. Sua mais celebrada obra, "Céline e Julie vão de barco", de 1974, tem 192 minutos.

Logo depois disso, o cineasta sofreu um colapso nervoso que o levou a abandonar o próximo projeto, "Scènes de la vie parallèle", que seria dividido em quatro partes, o que botou sua carreira em hiato.

O retorno veio apenas em 1991. Com 237 minutos, "A bela intrigante" tornou-se um sucesso inesperado. O filme, com Michel Piccoli e Jane Birkin, seguia um artista idoso que passava por um renascimento criativo.

A boa recepção possibilitou que Rivette rodasse um longa em duas partes sobre Joana D'Arc, estrelado por Sandrine Bonnaire, com um total de 336 minutos. Seu último longa lançado foi "36 vues du pic Saint Loup", também com Jane Birkin, de 2009.
Rivette foi casado com a fotógrafa e roteirista Marilù Parolini por um curto período no começo da década de 1960. Apesar de separados, mantiveram relação profissional. O cineasta não deixa filhos.