sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Custo de arenas olímpicas chega a R$ 7 bi; documento segue ocultando gastos

ITALO NOGUEIRA
LUCAS VETTORAZZO

Folha de São Paulo


O custo para construção de arenas da Olimpíada chegou a R$ 7,08 bilhões, mostra a 4ª atualização da Matriz de Responsabilidades divulgada nesta sexta-feira (28) pela APO (Autoridade Pública Olímpica).

Houve um aumento de R$ 408,1 milhões em relação à última atualização, feita em agosto. A variação se deve principalmente à inclusão da locação de geradores para energia temporária, adequação de outras instalações elétricas.

Contudo, o documento segue não incluindo gastos de aproximadamente R$ 500 milhões, todos feitos exclusivamente em razão dos Jogos. É a mesma prática revelada pela Folha em agosto, quando foi feita a 3ª atualização.

Os itens 'secretos' incluem até um local de competições. A construção do pavilhão 6 do Riocentro, local de competições de boxe, não consta da Matriz apesar de já estar sendo erguido desde setembro.

Os gastos olímpicos fora do documento também incluem o custeio da APO e da EOM (Empresa Olímpica Municipal), a desapropriação de imóveis da favela Vila Autódromo, feita para a construção do Parque Olímpico.

A Matriz incluiu, com atraso, a montagem das arquibancadas do Engenhão, e dos centros olímpicos de Esportes Aquáticos e Handebol. O projeto fala ainda em "outros itens" não detalhados.

O documento, lançado em 2014, se propôs a descrever todos os gastos feitos exclusivamente em razão da Olimpíada, tais como arenas –gastos que seriam feitos se os Jogos não viessem para o Rio.

Além de tornar os gastos transparentes, a Matriz serve como orientador na fiscalização dos órgãos de controle, como o TCU (Tribunal de Contas da União).

CUSTO TOTAL

A Matriz de Responsabilidades descreve os gastos apenas com arenas e estruturas de apoio a elas, como energia elétrica.

O custo total da Olimpíada inclui também a operação dos Jogos, incluso no orçamento de R$ 7,4 bilhões do comitê organizador, e as obras de legado, que somam atualmente R$ 24,6 bilhões.

Somados, o custo vai a R$ 39,07 bilhões. Contudo, ainda não estão computados os gastos a segurança dos Jogos, que ainda não foram fechados. Estimativas apontam para uso de R$ 1 bilhão para o setor.

O dossiê de candidatura do Rio de 2009, base para a escolha da cidade como sede dos Jogos, previa gastos de R$ 28,9 bilhões –considerando a inflação do período, equivale a R$ 45 bilhões.