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O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) compareceu à CPI da Petrobas levando a virtude no coldre. Distribuiu rajadas de certezas. Por exemplo: “Eu tenho absolutacerteza de que nenhum fato relacionado a desvio de dinheiro público, corrupção e improbidade chegará próximo à presidente Dilma Rousseff.''
A corrupção já roça o calcanhar de vidro de Dilma, só Cardozo não percebeu. Não é preciso colocar dinheiro sujo na bolsa para enxergar a culpa no reflexo do espelho. O delator Ricardo Pessoa, coordenador do cartel que pilhou a Petrobras em R$ 19 bilhões, disse que parte do dinheiro roubado (R$ 7,5 milhões) foi parar no caixa da campanha de Dilma, em 2014.
“Não respeito delator”, diz Dilma. Beleza. Mas convém arrumar alegações mais respeitáveis. Reza a lei eleitoral que a escrituração de uma campanha é de responsabilidade do candidato. “Foi doação legal”, sustenta o PT, com a mesma pureza moral que invocava ao dizer que o mensalão era apenas caixa dois.
De resto, é preciso lembrar que a omissão também conduz à cumplicidade. Sob Lula, Dilma comandou a pasta de Minas e Energia, chefiou a Casa Civil e presidiu o Conselho de Administração da Petrobras. Assistiu à invasão de Renans e Collors na Petrobras. Assumiu os riscos da conquista. Agora a pose de inocente que Cardozo lhe atribui lembra muito as virgens de Sodoma e Gomorra.
Dilma sustenta que foram os órgãos do governo que levaram a investigação adiante. Atribui os avanços da Lava Jato aos esforços da Polícia Federal, em parceria com a Procuradoria e o Judiciário. Isso é que é governo eficiente. Ele mesmo desvia, ele mesmo investiga. E o ministro da Justiça absolve previamente a presidente de todas as culpas.