quarta-feira, 10 de junho de 2015

"O Plano na corda bamba", por Ilimar Franco

O Globo



Até aliados do governo estão céticos com o plano de concessões anunciado ontem. Governistas dizem que o projeto é bom, mas veio tarde. Avaliam que, apesar das garantias do ministro Joaquim Levy, o cobertor é curto, e o BNDES não tem o montante prometido para os investimentos. O sucesso do plano está na dependência do engajamento da iniciativa privada, e isso requer credibilidade. 
Ata e desata
Os partidos médios estão empenhados em buscar alternativas para o pleito municipal. Os prefeitos dessas siglas que concorrem à reeleição temem o isolamento, o que os deixará com pouco tempo de propaganda na TV. O DEM já tentou uma fusão com o PTB. O PPS, com o PSB. Agora, diz-se pelos corredores que o DEM pode retomar os contatos com o PMDB. A corte teve início há dois meses, no Jaburu, num encontro organizado pelo vice Michel Temer e pelo prefeito ACM Neto (Salvador). Naquela época, a conversa não foi adiante. O DEM apostava suas fichas no PTB. A costura ficou em banho-maria, mas líderes do DEM acreditam que ela será retomada. 
“Não somos contrários às concessões. O governo sempre demonizou a privatização e usa malabarismos retóricos para dizer que concessão é diferente” 
Álvaro Dias , senador (PSDB-PR), sobre o plano de concessões anunciado ontem pelo governo
O bonde andando
A direção do PSDB embarcou ontem nos entendimentos entre a presidente Dilma e o governador Geraldo Alckmin (SP). Ambos vinham costurando, desde a semana passada, um texto alternativo para a maioridade penal.  
Renata Campos
  
A alternativa 
A ida de Marina Silva para a Rede não vai impedir o PSB de lançar candidato ao Planalto em 2018. O vice da sigla, Beto Albuquerque, afirma que será mantido o projeto de ser alternativa ao PT e ao PSDB. E declara que “já tem um nome que une o partido e simboliza a renovação: Renata Campos”. Ela era mulher de Eduardo Campos, falecido num acidente aéreo. 
Contestação
A capa do site da CUT deu destaque ontem a uma entrevista com o economista Luiz Gonzaga Belluzo. Nela, faz duras críticas ao ajuste fiscal bancado pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda).
Nem na Jordânia do distritão
Os eleitores de maior instrução (73%) e renda (77%) são os que mais apoiam o voto facultativo, revela pesquisa do DataSenado. Mas não ficam atrás os que têm só 1º grau (62%) e os que ganham menos de 1 salário mínimo (64%). O voto é obrigatório em apenas 31 países democráticos, segundo o Instituto Internacional para a Democracia, com sede na Suécia. 
Na pressão 
Depois de ter propagado que não seria candidata ao Planalto em 2018, a líder da Rede, Marina Silva, reapareceu ontem criticando o governo. Contam que foi pressionada pelos militantes de seu movimento, inquietos com seu marasmo. 
Fim de papo
Grevistas de instituições federais de ensino cercaram o ministro Renato Janine (Educação) ontem em audiência pública no Senado. Foram ignorados na saída do ministro. Um deles gritou: “Nunca vi filósofo que não gosta de conversar”.
Crítico do ajuste fiscal, o senador Paulo Paim tem dito que não irá ao congresso do PT. Sua ausência reduzirá as críticas à política econômica.