terça-feira, 2 de junho de 2015

Indústria tem 3º queda seguida e, em 12 meses, tem pior nível em 6 anos. É muito grave a crise de Dilma

O Globo



Trabalhadores da construção civil no Rio - Dado Galdieri/28-5-15 / Bloomberg News


A produção industrial caiu 1,2% em abril, frente a março, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo IBGE. Na comparação com abril de 2014, a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) mostrou queda de 7,6%. Já no acumulado do ano, a atividade no setor recuou 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 12 meses, a baixa é de 4,8%, o pior resultado desde dezembro de 2009, quando a taxa foi de 7,1%.

O resultado em relação a abril de 2014 representa a 14ª taxa negativa seguida nesse tipo de comparação — ou seja, há um ano e dois meses a PIM registra queda frente a igual mês do ano anterior. Já a baixa frente a março marca a terceira queda negativa no confronto com o mês imediatamente anterior, acumulando neste período uma redução de 3,2%, de acordo com o IBGE.

Economistas ouvidos pela Bloomberg previam, em média, recuo de -1,4% da produção industrial em abril, em relação a março. Na comparação com abril de 2014, a estimativa média era de queda de 8,1%.

Em abril de 2015, o setor industrial mostrou fraqueza em todas as grandes categorias econômicas e 19 das 24 atividades pesquisadas apontaram redução na produção. O resultado no mês de abril mostra que o total da indústria está 12,3% abaixo do nível recorde alcançado em junho de 2013.

Na comparação com março, as principais influências negativas para o resultado de abril foram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,5%) — o sétimo mês seguido de recuo na produção, acumulando perda de 21,9% no período; e perfumaria, sabões, detergentes e produtos de limpeza (-3,3%), que acentuou a baixa do mês anterior (-0,9%).


Também puxaram para baixo o resultado total de abril frente a março máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-5,4%), outros equipamentos de transporte (-8,5%), metalurgia (-2,4%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-5,3%), produtos de metal (-2,5%), produtos de borracha e de material plástico (-2,3%), bebidas (-2,2%), celulose, papel e produtos de papel (-2,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-3,2%), produtos alimentícios (-0,4%) e máquinas e equipamentos (-1,2%).

Entre os cinco ramos que ampliaram a produção em abril na comparação com o mês anterior, os destaques foram indústrias extrativas e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com avanço de 1,5%.

Ainda na comparação com o mês imediatamente anterior, a análise das grandes categorias econômicas mostra que bens de capital, ao recuar 5,1%, teve a redução mais acentuada e a terceira taxa negativa consecutiva, acumulando no período queda de 12,7%. Os setores produtores de bens de consumo semi e não duráveis (-2,2%) e de bens de consumo duráveis (-1,8%) também registraram resultados negativos mais intensos do que a média nacional, de -1,2%. Os dois registraram o sétimo mês seguido de queda na produção, acumulando nesse período perdas de 8,4% e de 15,3%, respectivamente. Já o segmento de bens intermediários (-0,2%) teve o recuo mais moderado no mês, mas manteve o comportamento negativo desde fevereiro, com decréscimo no período de 1,1%.

A indústria vem enfrentando dificuldades desde 2010, depois de ter se recuperado dos efeitos da crise econômica mundial, cujo auge ocorreu nos anos de 2008 e 2009. A situação se agravou de meados de 2013 para cá. No ano passado, a produção industrial caiu 3,2%, após alta de 2,1% em 2013.

PIB FRACO

Na sexta-feira, o IBGE divulgou que o PIB encolheu 0,2% no primeiro trimestre. Neste cenário, a indústria recuou 0,3%. Dos segmentos pesquisados no setor, apenas extração mineral e a construção civil cresceram 3,3% e 1,1%, respectivamente. Já eletricidade gás, água, esgoto e limpeza urbana (-4,3%) e indústria de transformação (-1,6%) caíram.

Em relação ao primeiro trimestre de 2014, a indústria recuou 3% nos três primeiros meses deste ano, puxada pela indústria de transformação, cuja queda de 7% no mesmo período foi marcada pelo decréscimo da produção automotiva, de máquinas e equipamentos, de produtos eletrônicos e equipamentos de informática, de artigos do vestuário, e de produtos do fumo. O encolhimento neste segmento do setor foi o maior desde o terceiro trimestre de 2009, quando registrara recuo de 10,6%.