Vinícius Sassine - O Globo
Rodrigo Janot vai apresentar nos próximos dias os pedidos de abertura de inquérito ou de arquivamento de casos
A Procuradoria Geral da República (PGR) deve pedir a quebra do sigilo bancário de parte dos políticos investigados na Operação Lava-Jato, no momento das solicitações de abertura de inquéritos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Outras duas diligências serão comuns nos pedidos da PGR: o depoimento de testemunhas e o compartilhamento de provas produzidas na primeira instância.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai apresentar nos próximos dias os pedidos de abertura de inquérito ou de arquivamento relacionados às autoridades supostamente beneficiárias dos desvios da Petrobras. Ao pedir que um inquérito seja instaurado pelo STF, instância para investigações de autoridades com foro privilegiado, Janot já listará as diligências requeridas. Os pedidos de quebra de sigilo bancário ocorrerão apenas para parte dos citados nos depoimentos das delações premiadas.
A tendência é que Janot se concentre mais nos pedidos de diligências sobre o envolvimento de políticos nos desvios da Petrobras do que na oferta automática de denúncias ao STF. A expectativa atual sobre os trabalhos na PGR, nessa fase de revisão final das peças a serem protocoladas, é de que não haja nenhuma denúncia de imediato, nem mesmo no caso do senador Fernando Collor (PTB-AL), acusado pelo doleiro Alberto Youssef de receber propina em negócios da BR Distribuidora.
A interpretação sobre o caso de Collor é de que já existem evidências de recebimento de dinheiro proveniente do esquema operado por Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, os dois principais delatores do esquema. Mas, pelo menos até agora, a possibilidade maior é de que Janot peça a abertura de inquérito para, então, seguir com as investigações, que podem resultar numa denúncia. Até então, os indícios mais robustos se referem ao envolvimento de parlamentares de baixo clero.
Janot vai fazer um pedido expresso para que o ministro relator da Lava-Jato no STF, Teori Zavascki, retire o sigilo dos procedimentos. A expectativa da PGR é de que Zavascki vai concordar com o pedido, o que permitirá saber quem são os políticos a serem investigados e quem são as autoridades que se livrarão das acusações já nessa fase inicial dos processos, em razão dos arquivamentos.
Tramitam no STF 42 petições ocultas – sem qualquer menção no andamento eletrônico dos processos – relacionadas à Lava-Jato. As petições são o resultado das delações de Youssef e Costa e serão a base para os inquéritos a serem instaurados. A previsão é de que o procurador-geral encaminhe os pedidos de inquéritos e arquivamentos ao STF entre esta quinta-feira e o início da próxima semana.