quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Empresário acusado de praticar extorsão e de intermediar propina de R$ 57,7 milhões faz acordo de delação premiada

Com Blog Reinaldo Azevedo - Veja


Shinko Nakandakari, um dos 11 operadores investigados na 9ª fase da Lava-Jato, fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Segundo Pedro Barusco, ex-subordinado do petista Renato Duque, Nakandakari intermediou pelo menos R$ 57,7 milhões em propina, em valores atualizados. Esse sujeito é especialmente interessante no caso, vocês verão por quê.
Erton Medeiros Fonseca, executivo da Galvão Engenharia, que está preso, já admitiu que pagou, sim, propina à quadrilha que atuava na Petrobras. E um dos intermediários da roubalheira era, segundo ele, Nakandakari, que atuaria sob o comando de Duque. No dia 24 de novembro, os advogados de Fonseca entregaram à Justiça Federal do Paraná várias notas fiscais. Elas foram emitidas em favor da LFSN Consultoria e Engenharia, no valor de R$ 8,863 milhões, e teriam como finalidade pagar propina a políticos.
A LFSN é uma consultoria da qual Nakandakari e duas outras pessoas de sua família são sócias: Luís Fernando Sendai Nakandakari e Juliana Sendai Nakandakari. O endereço informado à Receita Federal é um apartamento num prédio residencial no bairro do Brooklin, na Zona Sul de São Paulo, que pertence a Luis Fernando. Medeiros Fonseca diz que era extorquido pelo homem que agora faz delação premiada.
Sabem o que impressiona? A ousadia da turma e a aposta na impunidade. Aqueles quase R$ 9 milhões em propina foram pagos entre 2010 e 2014, enquanto o processo do mensalão corria no Judiciário. Só isso? Não! A última nota fiscal é de 25 de junho de 2014, dois meses depois de deflagrada a Operação Lava Jato.
Nakandakari não é desconhecido da Polícia e da Justiça. Ele é um dos denunciados num processo de improbidade administrativa envolvendo a construtora Talude, que foi contratada pela Infraero para obras no aeroporto de Viracopos, em Campinas. O valor inicial do contrato, assinado em 2000, foi de R$ 13,892 milhões. Seis meses depois da assinatura, foi feito um aditivo de R$ 1,904 milhão. O segundo aditivo, de R$ 1,540 milhão, ocorreu em 2011. Para o Ministério Público Federal, não havia razões para firmar os aditivos, que tornaram a obra mais cara. O caso está na Justiça.
Ah, sim: é preciso tomar certos cuidados. As primeiras notícias que  vazaram na Internet nesta quarta vieram assim: “Ex-diretor da Odebrachet faz acordo de delação premiada”. Ele não é mais funcionário da empresa há 23 anos. Aí também não, né?