Cotação é a maior desde outubro de 2004; após aprovação do Orçamento Impositivo na Câmara, investidores temem que situação das contas públicas no Brasil se deteriore
O clima de aversão ao risco, principalmente pelas incertezas sobre o desempenho da economia brasileira, embala a alta do dólar ante o real nesta quarta-feira, 11. Ontem, a moeda norte-americana terminou o dia cotada a R$ 2,83 - maior cotação desde novembro de 2004.
Hoje, logo após a abertura do mercado o dólar à vista no balcão atingiu sua cotação máxima do dia - de R$ 2,87, alta de 1,41%. A cotação máxima de hoje é a maior desde 25 de outubro de 2004, quando o dólar terminou o dia em R$ 2,88.
O viés de alta permanece. Por volta de 14h20, o dólar estava em alta de 1,34%, cotado a R$ 2,86.
A escalada do dólar está relacionada com a fuga dos investidores de aplicações de risco, o que faz crescer a busca pela segurança do dólar e pressiona a cotação.
Pesa a deterioração das expectativas sobre a economia nacional, principalmente a situação fiscal do País diante da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que torna obrigatório o pagamento das emendas parlamentares - o chamado Orçamento Impositivo - ontem na Câmara. Com isso, o Planalto não pode congelar o desembolso de emendas para pressionar o Congresso a votar de acordo com seus interesses. Não cabe veto presidencial e a matéria segue agora para promulgação. A medida traz mais desconfiança em relação à capacidade de o governo cumprir a meta de superávit primário de 1,2% do PIB este ano.
A alta do dólar também ocorre em meio ainda à expectativa em relação à reunião de ministros de Finanças da zona do euro que vai decidir sobre a dívida da Grécia nesta quinta-feira. Ontem, o novo governo grego recebeu um voto de confiança do Parlamento e o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, reforçou o tom duro no discurso sobre as negociações com Bruxelas.
