O executivo Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, dono da Toyo Setal e um dos delatores do petrolão, entregou à Polícia Federal contratos e notas fiscais que comprovariam o pagamento de propina a Renato Duque, o ex-diretor de Serviços da Petrobras que chegou ao cargo em 2003 por indicação do mensaleiro petista José Dirceu, saiu em 2012 e é apontado como o homem que desviava dinheiro do esquema de corrupção da estatal para o PT. Sim: o homem que simboliza o viés político de uma roubalheira praticada para que o partido se perpetuasse no poder.
Mendonça Neto afirmou em delação premiada na Operação Lava Jato que empresas de fachada eram usadas para maquiar os repasses a Duque. Os pagamentos foram feitos entre 2009 e 2012, segundo O Globo, através de contratos de serviços e consultorias fictícios – no valor total de 40 milhões de reais – realizados pelas empresas Power To Tem Engenharia, Legend Engenheiros Associados, Rock Star Marketing, SM Terraplanagem e Soterra Terraplanagem.
Preso por ordem da Justiça Federal em 14 de novembro, Duque deixou a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, em 3 de dezembro, beneficiado por uma liminar do ministro do STF Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato na Corte. Na semana passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu em parecer enviado ao Supremo que Duque volte para a cadeia. Para o chefe do Ministério Público, há indícios de que o ex-diretor, a exemplo de outros réus do petrolão, tenha escondido dinheiro no exterior, o que facilitaria uma potencial fuga do país, “especialmente se consideradas as continentais e incontroladas fronteiras brasileiras“.
Se considerado, também, o histórico de seu padrinho Dirceu, a essa altura Duque já pode ter feito até duas cirurgias plásticas (e quiçá uma lipo à moda Jandira Feghali). Onde estará ele?
Durante as investigações, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, ex-subordinado de Duque na estatal, fechou acordo de delação premiada segundo o qual se comprometeu a devolver aos cofres públicos cerca de 97 milhões de dólares obtidos no esquema de corrupção e depositados em contas no exterior, onde ficaram paradinhos à espera de não se sabe quem do alto escalão
Depois da prisão do ex-diretor, a Galvão Engenharia admitiu que pagou 8,8 milhões de reais em propina a um emissário de Duque. Também vieram à tona pagamentos de 2 milhões de reais feitos pela UTC ao ex-diretor da Petrobras sob justificativa de que foram desembolsados pela prestação de serviços de “consultoria”, o velho eufemismo brasileiro para “tráfico de influência”.
Sim: eu sei que é informação demais. Eu sei que é difícil acompanhar as continentais e incontroladas roubalheiras do PT. O lado bom é que o advogado constitucionalista Ives Gandra Martins fez um parecer jurídico sobre o pedido de impeachment de Dilma Rousseff e, com base no artigo 85, inciso 5° da Carta Constitucional, constatou que “a improbidade por culpa fica caracterizada”. Na dúvida, portanto, esqueça as declarações de Eduardo Cunha de que o pedido é descabido, venha pra rua gritando “Fora, Dilma!”, “artigo 85, inciso 5°” - e seja feliz.
